1) "Proposta de redução da jornada de trabalho e fim da escala 6x1 gera debates no Plenário da Câmara" (Agência Câmara de Notícias, 12 de novembro de 2024, trecho)[1]
O texto, que estabelece jornada de quatro dias por semana e três de descanso, precisa do apoio de 171 deputados para começar a tramitar
12/11/2024 - 18:38
O fim da jornada de seis dias de trabalho para um dia de descanso (6x1) foi defendido em Plenário por deputados da base do governo, mas criticada por parlamentares da oposição, que defenderam a negociação direta entre empregado e empregador.
A deputada Erika Hilton (SP), líder do Psol, busca conseguir 171 assinaturas para poder apresentar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece a duração do trabalho de até oito horas diárias e 36 semanais, com jornada de quatro dias por semana e três de descanso.
Outra proposta já em tramitação na Câmara (PEC 221/19), do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), reduz de 44 para 36 horas a jornada semanal do trabalhador brasileiro. Essa redução terá prazo de dez anos para se concretizar. O texto do deputado está na Comissão de Constituição e Justiça à espera de um relator desde março.
Atualmente, a Constituição estabelece que a jornada deva ser de até 8 horas diárias e até 44 horas semanais, o que viabiliza o trabalho por seis dias com um dia de descanso.
2) Alguns pontos importantes que os liberais não comentaram
Primeiro ponto: o traveco do PSOL claramente não teve a ideia sozinho. Segundo ponto: a notícia é de uma semana depois da eleição do Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, com mais votos também no voto popular (em 2016, ele ganhou só no Colégio Eleitoral). Terceiro ponto: por que a "mainstream media" quis saber o que o deputado Nikolas Ferreira tinha a dizer sobre isso?[2] Vou explicar daqui a pouco qual a ligação.
Isso foi o que eu percebi logo no começo, mas vi mais coisas estranhas quando pesquisei mais. Quarto ponto: a PEC de Erika Hilton não apareceu nem na lista das atividades parlamentares na página da Câmara dos Deputados[3]; a que podemos ver (e parece que a direita não leu) é a n° 221/2019 do deputado Reginaldo Lopes, do PT de Minas Gerais[4], de 11 de dezembro de 2019. Quinto ponto: a trans representante do povo (se sente representante, mas é do PSOL) ganhou publicidade apoiando o Movimento VAT (Vida Além do Trabalho) de um certo Rick Azevedo, ex-balconista de farmácia do Rio de Janeiro (Erika Hilton é do estado de São Paulo). Sexto ponto: a origem do Vida Além do Trabalho é curiosa. O Rick Azevedo era balconista de farmácia e produtor de conteúdo no Tik Tok; um dia (13 de setembro de 2023), ele fez um desabafo despretensioso sobre a rotina de trabalho dele ainda no caminho para o trabalho e recebeu milhares de comentários no mesmo dia[5]; e o movimento que ele criou ficou tão grande que tem grupos no WhatsApp por estado[6] (se o Rick fosse da "extrema direita" e fizesse algo com muito menos sucesso, a imprensa tradicional já estaria perguntando quem está financiando, perguntando de onde vem o dinheiro e dizendo por que ele deveria estar preso). Sétimo ponto: a matéria da revista Exame de onde eu tive essas informações está datada de 11 de novembro de 2024, mas diz no final que "esta matéria foi publicada originalmente em janeiro de 2024".
3) A ligação dos pontos e um pouco sobre o debate que já foi feito
Como eu disse há pouco, esse debate nas redes e na imprensa do Brasil veio na semana seguinte à da eleição do Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Para o primeiro mandato, ele só ganhou no Colégio Eleitoral; dessa vez, ele ganhou também no voto popular. O que aconteceu no meio-tempo? O governo Joe Biden, do qual a concorrente na eleição deste ano foi a vice-presidente. Ou, segundo alguns, foi a governante mesmo, porque o titular não está muito bem da cabeça. A esquerda brasileira está tentando, então, se aproximar do povo de verdade? Sim, mas dentro do roteiro do Great Reset. Daqui a pouco, eu vou mostrar um sinal.
Oferecer um dia a menos de trabalho por semana para o cidadão comum é a grande oportunidade política para a esquerda ganhar aprovação deste cidadão comum enquanto expõe o outro lado. Oportunidade política, não eleitoral. Porque, como os mais espertos perceberam no isolamento social da CoViD-19, a preparação para a Agenda 2030 e o Great Reset são para separar o povo da classe política e dos funcionários dos Aparelhos Ideológicos de Estado, além de fechar o país quando o regime julgar necessário. A eleição pode ser fraudada de forma notória para pessoas inteligentes como aconteceu no Brasil e nos Estados Unidos, inclusive na eleição deste ano, em que a Kamala Harris perdeu por pouco demais. O brasileiro mediano ainda não percebeu como o venezuelano este ano que o voto dele não é considerado na eleição. Então, o debate não é para a esquerda ganhar votos nas eleições de 2026 (talvez alguns da esquerda aproveitem para isso), é para a esquerda ter ganho político. Um governo ditatorial repressor não faz exploração e atrocidades contra a população inteira o tempo todo, também distribui bondades de vez em quando. É assim hoje em áreas dominadas pelo crime organizado no Brasil, também foi assim em um governo muito elogiado pela esquerda brasileira até hoje, que foi o de Getúlio Vargas.
Mas eu disse há pouco que a esquerda está expondo o lado adversário. E foi bem nisso. Os liberais-conservadores em geral argumentam que o trabalhador ter 4 dias de trabalho semanais em vez de 6 vai provocar aumento de gastos com impostos, falências de pequenas empresas e desemprego. Aí eles mostram que são herdeiros pregadores de doutrina distante da prática. Por exemplo, a justificativa do projeto de emenda constitucional dá uma previsão de meio milhão de novos empregos no curto prazo só nas regiões metropolitanas.[7] Mas a questão nem é se a previsão está certa, é que a oposição nem sabe desta parte. Mas isso não significa que a esquerda ganhou o debate. Vou explicar mais ao final. Antes, preciso explicar o que a esquerda pode ganhar.
4) A jornada de 36 horas semanais é um oferecimento do vírus chinês?
Trecho daquela reportagem da revista Exame sobre o movimento Vida Além do Trabalho[8]:
Assim como o VAT (Vida Além do Trabalho) outros movimentos surgiram questionando as condições atuais do trabalho, com a pandemia sendo a linha de partida para muitas tendências. "O impacto da pandemia trouxe a reorganização e o reposicionamento de valores individuais e sociais no mercado de trabalho, afinal mostrou a fragilidade da vida e trouxe para muitos a reflexão e a necessidade de ter mais tempo para viver, além de trabalhar", afirma Andrea Deis, especialista em carreira e neurociência há mais de 20 anos e professora autônoma da FGV, Mackenzie, FIA e Dom Cabral.
Foi neste período de crise sanitária global que surgiram movimentos como a "grande renúncia" nos EUA, em que milhares de funcionários deixaram seus empregos em 2021. Esse movimento chegou no Brasil e desencadeou outras tendências no mercado de trabalho, como o "quiet quitting" em 2022, que ficou conhecido no Tik Tok por vídeos de profissionais americanos que defendiam limites bem estabelecidos entre trabalho e vida pessoal, correspondendo às obrigações, mas não fazendo mais ou menos do que o acordado no contrato.
Muita gente já esqueceu as empresas quebradas, os prejuízos econômicos que os ambulantes tiveram e as pessoas demitidas porque não aceitaram a picadura que veio da China. Afinal, histeria e semianalfabetismo não precisam de memória histórica. Então, se a "mainstream media" insistir em ligar o futuro e o presente ao que chama de pandemia, o povo pode ler o que ela escreve e se lembrar do passado, e pensar se uma gripe com coágulos justificou mesmo aquilo tudo.
Mas uma coisa que parece boa, mesmo na sociedade do Great Reset, é que podemos ver em breve o cumprimento de uma promessa de mais de um século: jornadas de trabalho menores com ferramentas mais produtivas, e ainda com menos desemprego. A jornada de 44 horas por semana pode ser mesmo acima do necessário. E por acaso, aquele texto do Fórum Econômico Mundial sobre o Great Reset (aquele que foi tirado do portal, mas para o qual o próprio Klaus Schwab deixou atalho em um artigo dele[9]) dizia que o Capitalismo é meio malvado.
5) A minha opinião
A ideia da jornada de 36 horas semanais é boa e tem como dar certo. A geração de empregos é uma certeza inclusive em pequenas empresas, mesmo que não sejam cerca de 20% (44 ÷ 36 = 1,22). Porque serão menos desempregados e empregados com mais tempo semanal para vida econômica. Você que tem jornada de 6 dias por semana pode ter notado quantos estabelecimentos só vê fechados, porque eles ainda não abriram quando você passa por eles no caminho pro trabalho e eles já fecharam quando você está voltando pra casa. Mesmo quem trabalha 40 horas por semana em 5 dias já notou o quanto precisa do favor da chefia para uma consulta médica ou para procurar um serviço público. Essa jornada menor pode ajudar nos projetos de Cidade 24 Horas e também no trânsito urbano.
Os liberais, descrevendo o projeto de lei como um holocausto nuclear da economia brasileira, mostram que são analfabetos políticos e desconhecedores até daquilo que eles mais badalam, que é a Economia. É a caricatura que eu faço de que ultraliberal (que se denomina anarcocapitalista) é herdeiro de latifundiário réu da Justiça do Trabalho e encara um governo de esquerda como o primeiro limite que encontrou na vida. Mas isso não exclui as teses de que muitos liberais são pessoas de boa índole e de que eles são melhores que os esquerdistas no sentido moral, mesmo se confundirmos moral com falta de sexo.
E por falar em sexo, a jornada de 4 ou 5 dias de trabalho por semana vai ajudar os casais a ficarem mais juntos, e, consequentemente, se separarem. Hua, hua, hua, hua, hua! Os homens solteiros terão mais tempo para a prostituição. Olha só, mais oportunidades de emprego ou de receita! Vai lá, garota! Eu também vou ter mais oportunidades para a pros... o lazer com os amigos.
6) É verdade, este não é um debate de esquerda versus direita
A esquerda recente não é adversária do Liberalismo, é adversária do povo de verdade e da inteligência humana no sentido da integração com o mundo real. Então, nós não temos oposição política entre esquerda e direita, temos oposição política entre loucura (no sentido bíblico e no sentido clinico) e sanidade mental. Não é por acaso que o movimento do ano passado e o projeto de emenda constitucional de quase 5 anos atrás foram associados há cerca de uma semana a uma deputada transexual do PSOL: não tenho como provar, mas é claro que o traveco foi escolhido pro palco. Por sinal, você percebeu como o Movimento LGBTQIA+ dá menos destaque para o G de gay? Porque esse movimento é a cara da esquerda: o homossexual masculino é mais saudável que as outras letrinhas da sopa. Como eu já disse em outras ocasiões, o transexualismo não é disforia sexual, é transtorno psiquiátrico. A esquerda brasileira quer associar o seu projeto mais conectado ao povo de verdade dos últimos cerca de 20 anos, a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais em 4 ou 5 dias, a um dos seus militantes que não tem conexão mental nem com o próprio corpo.
Então, ser contra a esquerda não é ser contra o Marxismo, porque a esquerda deixou de ser ideologia intelectual, nem ser de direita. O contrário de ser de esquerda é ser uma pessoa normal do povo de verdade. Na falta de uma identificação formal melhor, chamamos o antiesquerdismo de direita. E na falta de uma referência melhor pra gente procurar um candidato pra votar, nós procuramos entre os candidatos que se identificam como de direita, ou os que a esquerda identifica como extrema direita, machistas, misóginos, racistas, homofóbicos, nazifascistas. Por isso, mesmo que a ideia da esquerda seja piorar a imagem da direita, e mesmo que a própria direita mostre muita burrice, a esquerda não vai ganhar votos do povo de verdade; no máximo, vai tirar alguns votos da direita para o Centro (que também é esquerda, mas parece menos maluco).
Dado que a esquerda recente é notória na distância da vida normal do povo de verdade, temos a coisa que parece curiosa de que pessoas que não se identificam com o Liberalismo e o Conservadorismo apoiam candidatos da direita. Ou, desde 2018, Jair Bolsonaro. Eu mesma, ateia e não muito afeita ao patriotismo, apoiei o candidato e o presidente que tinha o slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". E mesmo vivendo a licenciosidade, votei neste candidato que se anunciava conservador e defensor da família. Porque para mim (e, por exemplo, alguns homossexuais), ele parecia mais perto da normalidade que os concorrentes da esquerda. E assim podemos ter milhões de trabalhadores trabalhando um dia a menos por uma emenda constitucional de deputados da esquerda elegendo deputados da direita porque eles percebem que estes os representam melhor.
NOTAS E REFERÊNCIAS:
[1] "Proposta de redução da jornada de trabalho e fim da escala 6x1 gera debates no Plenário da Câmara". Agência Câmara de Notícias, Câmara dos Deputados, 12 de novembro de 2024. https://www.camara.leg.br/noticias/1110526-proposta-de-reducao-da-jornada-de-trabalho-e-fim-da-escala-6x1-gera-debates-no-plenario-da-camara
[2] "Fim da escala 6x1: Nikolas Ferreira é cobrado nas redes por não ter assinado PEC". Sonar - A Escuta das Redes, O Globo, 10 de novembro de 2024. https://oglobo.globo.com/blogs/sonar-a-escuta-das-redes/post/2024/11/fim-da-escala-6x1-nikolas-ferreira-e-cobrado-nas-redes-por-nao-ter-assinado-pec.ghtml
[3] https://www.camara.leg.br/busca-portal?contextoBusca=BuscaProposicoes&pagina=1&order=data&abaEspecifica=true&q=Erika%20Hilton
[4] [7] PEC 221/2019, https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2233802
[5] [8] "'Minha missão é acabar com a escala 6x1', diz criador do Movimento VAT (Vida Além do Trabalho)". Exame, 11 de novembro de 2024. https://exame.com/carreira/escala-6x1-movimento-vat-vida-alem-do-trabalho
[6] VAT Pela Vida Além do Trabalho, https://linktr.ee/movimento_vat
[9] "Now is the time for a 'great reset'". Klaus Schwab, World Economic Forum, 03 de junho de 2020. https://www.weforum.org/agenda/2020/06/now-is-the-time-for-a-great-reset
Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "A jornada de 36 horas semanais no Brasil e a disputa entre a burrice e a loucura", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2024/11/jornada-de-36-horas-semanais.html Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "A jornada de 36 horas semanais no Brasil e a disputa entre a burrice e a loucura", https://avezdoshomens.blogspot.com/2024/11/jornada-de-36-horas-semanais.html
Darlene Amaro como gerente de un motel |
|
Darlene Amaro as a motel manager |
|
Darlene Amaro como gerente de um motel |
|
Une femme mûre aux grosses fesses Darlene Amaro dans le rôle d'une gérante de motel |
|
Darlene Amaro come direttrice di un motel |