terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Eli Vieira contra Silas Malafaia mostra a cara da universidade brasileira

Abigail Pereira Aranha

Eu escrevi "A universidade não produz transformação" sobre a casca de sabichonice e inércia na universidade brasileira. Já é coisa velha o professorzinho insuportável que mesmo que saiba muito tenta parecer que sabe mais ainda e que sapateia quando contrariado. Mas o que talvez protegesse o indivíduo é que até completar um segundo grau era difícil no Brasil na época.

Mas agora a miséria intelectual da universidade brasileira e do Brasil está ficando ridícula, grosseira. Já perdi a conta de quantas vezes já vi ou já ouvi falar de um especialista passar vergonha ou descer de nível por causa de uma pergunta razoável ou um comentário de alguém que já leu um pouco. Eu poderia dar nome aqui de doutoras brasileiras que já deram palestras ou fizeram cursos no Primeiro Mundo, que já escreveram livros, que dão aula em universidade e que no blogue ou no Facebook delas apagam e bloqueiam qualquer discordante na segunda verdade que não gostaram de ver. E um caso ilustrativo do que está virando a educação brasileira é o caso do mestre em Boiologia e doutor em Gueinética Eli Vieira, o vídeo dele respondendo a entrevista que o Silas Malafaia deu no De Frente com Gabi. Sobre a entrevista, indico o texto "Malafaia versus Gabi: a loura perdeu", no Mídia Sem Máscara. Ela falou um pouco de bobagem sobre os ateus, mas o texto em geral é bom. Melhor ainda, também no Mídia Sem Máscara, "Qual a birra contra Malafaia?", do Antônio Vitor Barreto. Aqui, vamos discutir sobre as falhas do cidadão, não pra falar dele, mas da universidade brasileira e do Brasil.

Primeiro, o vídeo que foi o alvo dos lesbogayzistas: http://www.youtube.com/watch?v=yCAu0V_Tq7w

Agora, a "Resposta de geneticista a Silas Malafaia", em http://www.youtube.com/watch?v=3wx3fdnOEos. Vou citando uns trechinhos e comentando.

(00:02) Eli Vieira - Oi, Silas Malafaia, tudo bem? Meu nome é Eli Vieira, eu sou biólogo, mestre em Genética e faço doutorado em Genética, aqui em Cambridge, no Reino Unido. Eu soube que o senhor está interessado na minha área e que o senhor quer falar de Genética.

No minuto seguinte, ele aparece na igreja do pastor Silas Malafaia no meio de uma pregação para feri-lo de lepra e cegueira, até que ele reconheceu que Jesus veio pra pregar o amor e que ninguém deve julgar ninguém.

(00:25) Silas Malafaia - Ninguém nasce gay, homossexualismo é um comportamento.

(1 minuto) Eli Vieira - Eu acho que o que você quer dizer é se há uma contribuição de coisas herdadas biologicamente para esse comportamento que é a orientação sexual. E nesse sentido eu posso garantir, com base numa literatura farta, que sim, existe uma contribuição dos genes na manifestação da orientação sexual. Isso não é passível de ser negado mais. Já se acumulam muitos estudos.

Quando um universitário ou graduado fala em muitos estudos, literatura farta, coisa que não pode ser negada, é porque vai falar bobagem ou achou um pra derrubá-lo e não tem argumento pra se sustentar. A não ser, talvez, que seja alguém de uns 40 anos pra cima.

(01:30) Silas Malafaia - Eu mando vir na Genética. Quem pode dizer se alguém nasce gay ou não? Não é a Psicologia, é a Genética.

(01:40 a 02:50) Eli Vieira - Estando claro que não estamos falando de coisas inatas, mas de desenvolvimento, (...) vamos ver o que a Genética tem a dizer sobre isso. Dá uma olhada nessa tabela aqui [aparece no canto superior direito do vídeo uma tabela em inglês que o gayneticista explica mal, mas que mostra que a concordância de homossexualismo entre gêmeos idênticos vai de 20% a 100% conforme a referência]. São estudos desde a década de 50, e em todos eles dá pra ver que a concordância entre MZ, que são os gêmeos monozigóticos, ou seja, aqueles que são geneticamente idênticos, a concordância é sempre maior, em todos os estudos até hoje, do que a concordância entre os gêmeos dizigóticos, que são os gêmeos que têm tanta similaridade genética quanto pares de irmãos que não são gêmeos, por isso também são chamados de fraternos. Então, como dá pra ver aqui, a Genética está dizendo que quando um gêmeo é homossexual, o outro também é, e a chance do outro também ser aumenta conforme aumenta o parentesco genético entre eles, ou seja, a similaridade genética entre eles. Então como é que a genética não tem nada a ver com orientação sexual, Malafaia?

Puta que o pariu! Em um minuto e pouco, o mestre se contradiz quatro vezes. Podia até terminar aqui mesmo. Vamos lá:

  1. Ele não está falando de coisas inatas, mas mostra influência genética levando ao homossexualismo.
  2. Ele mostra estudos que mostram concordâncias de 20% a 100% entre gêmeos idênticos, mas diz que se alguém é homossexual, o irmão gêmeo também é.
  3. Ele diz que o homossexualismo é genético, mas só um dos estudos mostra 100% de concordância entre gêmeos idênticos.

A quarta contradição eu mostro depois.

(02:50) Marília Gabriela - Você sabe que as últimas pesquisas andaram mapeando o cérebro de gente...

Silas Malafaia - Não deu nada.

(03:00) Eli Vieira - Como não deu nada? A jornalista está sabendo mais que o pastor psicólogo.

Isso é fala de bagunceiro de colégio.

(03:50) Silas Malafaia - Não existe ordem cromossômica homossexual, não existe gen homossexual, existem ordem cromossômica de macho e de fêmea.

(4 minutos) Eli Vieira fala de cromossomos sexuais de animais e diz que "a Natureza não é rígida desse jeito em determinar o que é fêmea e o que é macho, e muito menos os seres humanos, em que além das contribuições de fatores ideológicos também tem a contribuição da cultura, do ambiente, etc. Então, cito este que é um dos estudos mais recentes sobre determinação sexual [print screen ordinário no canto inferior direito de um texto em inglês], e eles dizem o seguinte, que 'as diferenças sexuais no cérebro e no comportamento são o ponto final da determinação do sexo'".

Primeiro ele fala de animais, não de seres humanos. Algumas espécies até mudam de sexo. E conclui com um rascunho de panfleto LGBT.

(05:25) Silas Malafaia - A homossexualidade, um homem ou uma mulher por determinação genética, e homossexual por preferência aprendida ou imposta.

(05:45 a 06:00) Eli Vieira - Isso é determinismo genético. Parece que pro Malafaia, pra você, Malafaia, a Genética só existe em sua versão determinista do começo do século XX, e sinto te desmentir nessa, mas a gente evoluiu, a gente progrediu.

Só pra dar mais uma de valentão de fim de primeiro grau, ele se contradiz com o que disse três minutos antes mostrando aqueles estudos sobre homossexualismo entre gêmeos. Mas não é essa a outra contradição que eu estava falando lá atrás. Vou chegar nela daqui a pouco.

(10:10 a 10:30) Silas Malafaia - Se um gêmeo é hétero, o outro teria que ser hétero; se um gêmeo é homossexual, o outro teria que ser. Então vamos lá. 35% dos gêmeos que são homossexuais, o outro, 65% são héteros.

(10:30) Eli Vieira - Eu já respondi essa, mas de novo. 50 anos, 10 estudos. Média de concordância em que nos monozigóticos um é gay o outro também, 47% dos casos...

Vamos voltar à tabelinha em inglês, só que traduzida:

Estudos de homensConcordância MZ (monozigóticos)
Kallmann, 19521,00
Heston & Shields, 19680,60
Bailey & Pillard, 19910,52
Buhrich, Bailey & Martin, 19910,47
Bailey e mais de dois outros autores, 20000,20
Estudos de mulheresConcordância MZ (monozigóticos)
Bailey e mais de dois outros autores, 19930,48
Bailey e mais de dois outros autores, 20000,24
Mulheres e homens combinadosConcordância MZ (monozigóticos)
King & McDonald, 19920,25
Whitam, Diamond & Martin, 19930,66
Kendler e mais de dois outros autores, 20000,32

Média geral: 0,474, ou 47,4%. O gene gay já dançou. Desvio padrão: 0,2434. Coeficiente de variação: 0,513, ou 51,3%. Coeficiente de variação é desvio padrão dividido pela média. Quem fez Estatística sem pagar trabalho nem colar na prova sabe que um coeficiente de variação alto ou um desvio padrão alto significa uma amostra ou uma população muito dispersa. Ou seja, o mestre em Boiologia não provou que a influência genética no homossexualismo não é passível de dúvida. Provou exatamente o contrário. E nem se deu conta.

(12:55) Silas Malafaia - O que é Ciência? Tem que ter observação.

(13:00 a 13:30) Eli Vieira - Quer falar de observação, Malafaia? (...) Existe uma molécula que contribui para o odor masculino, chamada androstenona, e um estudo mostrou que homens homossexuais são mais sensíveis a esse cheiro do que homens heterossexuais. Então como é que os homossexuais que escolhem ser homossexuais escolhem inclusive como o olfato deles reage a cheiro de homem? No caso dos homossexuais masculinos, é claro.

Mas vem cá, nós que usamos perfume, desodorante e sabonete, e vivemos no meio de gente que usa, sabemos mesmo o que é cheiro de homem e de mulher?

(14:25) Silas Malafaia - Por que a Evolução é teoria? Porque você não pode comprová-la na observação.

(14:30 a 15:10) Eli Vieira - Olha, não quero mudar de assunto, mas se você vai negar uma teoria que é aceita pela esmagadora maioria dos profissionais da área, que trabalham com Biologia, eu acho que vou poder duvidar da sua capacidade de olhar pra questão da contribuição da genética para a orientação sexual, eu acho que vou duvidar da sua imparcialidade, Malafaia, e eu vou duvidar também da sua formação, e inclusive do seu respeito por informação científica e fontes científicas. Digita "15 jóias da evolução" no Google que você vai ter o que pensar.

Ai, me entregay. O engraçado é que o mestre não pensa dois segundos antes de questionar a crença do pastor e psicólogo que também é a de 90% da população brasileira (não é a minha), mas contraataca quem diz que a Evolução nunca foi provada na observação só porque é a crença de 90% do meio acadêmico. É, crença mesmo, especulação pra dizer o mínimo, também não é a minha.

E estava eu preocupada com o veadinho enrustido, encontro essas aqui:

  • "CFP do B, eis o meu nome!". Do Luciano Garrido, que é psicólogo e policial, falando sobre o esquerdismo do Conselho Federal de Psicologia. No texto ele dá o atalho para uma nota do CFP, de repúdio ao Silas Malafaia. Um trechinho da nota: "Esse tipo de manifestação da homofobia na sociedade brasileira contribui para a violação dos direitos humanos de parcela significativa da população. Vale lembrar que esses tipos de casos resultaram, no ano de 2011, em 278 assassinatos motivados por orientação sexual, de acordo com o Disque Direitos Humanos (Disque 100)".
  • "O ativismo político do Conselho Federal de Psicologia". Também do Luciano Garrido. O Código de Ética deles proíbe o psicólogo de fazer militância política, mas o Conselho pode.

Ah, já leram a seção "Escreve como pensa" do blogue do Pérsio Menezes? Até agora, tivemos Emir Sader e Vladimir Safatle e suas bolas fora.

Você argumenta como quem sabe do que está falando, algum homossexual enrustido esquerdista descobre que você não tem faculdade na área, ou não tem Currículo Lattes. Mas pra falar o que o LGBT-feminismo quer, qualquer analfabeto funcional tem autoridade. Está ficando medonho, uma pessoa bem alfabetizada com hábito de leitura confiável faz neguinho graduado passar vergonha.

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