quinta-feira, 5 de julho de 2018

Como o conhecimento da verdade está fazendo você uma pessoa melhor?

Abigail Pereira Aranha

Se depois de você conhecer a verdade ou acumular experiência de vida, você é uma pessoa mais infeliz, você está fazendo isso errado. Porque uma verdade é que a alegria pode fazer parte da vida. E outra verdade é que as pessoas que buscam a verdade têm entre os objetivos melhorar a qualidade de vida, mesmo quando acreditam que a felicidade não é deste mundo.

Bom, eu estou mesmo pensando no Movimento da Real e nos Red Pill para fazer esta reflexão. Também nos MGTOW, Black Pill e outros grupos masculinos antifeministas, mas vou me concentrar nos dois primeiros. "Real" vem de realidade. "Red Pill", pílula vermelha, vem do filme "Matrix". As máquinas dominavam o mundo depois de uma guerra contra os humanos e se alimentavam da energia emitida pelos corpos deles, eles eram mantidos num estado de sono e recebiam memórias falsas da Matrix, que era uma simulação de realidade. A pessoa pensava que tinha uma vida como nós conhecemos e estava hibernando num lugar que nem tinha sol, ligada a uma série de tubos que incluía um encaixado na nuca para conectar o cérebro. O Morpheus, líder da resistência, entrava na Matrix para libertar uma pessoa, oferecia à pessoa a opção entre tomar a pílula azul, que deixa continuar na Matrix, e a pílula vermelha, que permite à pessoa se desconectar da Matrix sem morrer na hora. E quando a pessoa entrava para o grupo rebelde, isso era o começo de uma vida na nave Nabucodonosor, voltar pra Matrix para libertar mais pessoas, enfrentar os agentes da Matrix, fugir das máquinas e comer uma comida estranha (antes, a pessoa pensava que comia um bife de filé mignon e estava sendo alimentada por sonda com restos triturados dos humanos mortos). Portanto, os dois termos, "Real" e "Red Pill", fazem referência ao mundo como ele é. Mas como esses dois movimentos ajudam um homem a ser melhor e ter mais qualidade de vida? Eu faço essa pergunta só para deixar a reflexão, aproveitando os nomes.

Sempre que a verdade não faz você melhor, você pratica ou acredita em uma mentira sobre a verdade. Uma mentira possível é o niilismo, a crença de que nada tem valor. Outra mentira possível é a misantropia, o ódio à raça humana. Outra mentira possível é a fé em que só existe boa qualidade de vida depois da morte. Outra mentira possível, muito comum, é a ideia de que o melhor a fazer na vida é espalhar a própria infelicidade pessoal sobre quem for possível, uma ideia que justamente por ser irracional e uma fuga do autoexame, ninguém formaliza com palavras.

No filme "Matrix", o primeiro da série, o Cipher, um dos rebeldes (e "cipher" em inglês é "dígito"), foi contaminado por um dos agentes da Matrix e eles estavam combinando a traição contra a resistência em um restaurante luxuoso (na Matrix) e depois de que ele comentou que sabia que o bife que ele estava comendo não era um bife, ele disse que "a ignorância é uma benção". Não é. Mesmo que o conhecimento da verdade leve a um sentimento de pequenez esmagador, a consciência da impotência e do desconhecimento é essencial para quem quer eliminar a própria impotência e o próprio desconhecimento. Só quem cultiva a vaidade pode achar preocupante ou até ofensivo encarar o que quer fazer e não pode ou o que gostaria de saber e não sabe, ou, pior ainda, o que não gostaria que fosse verdade mas é.

Se o autoconhecimento levou você a se ver como fracassado e sem luz própria, levou você também a ver o seu potencial de desenvolvimento pessoal? Desenvolvimento pessoal é desenvolvimento como pessoa. Parece óbvio dizer isso, mas é muito comum a confusão entre desenvolvimento pessoal e currículo profissional ou acadêmico.

Se você tenta compartilhar a verdade, você se sente mais realizado, mais feliz ou pelo menos mais aliviado com isso? Você está mais bem acompanhado ou atraiu melhores pessoas em meios sem contato direto, como as redes sociais?

Quanto o conhecimento da verdade ajuda você a fazer piadas? O humorismo bom é o que, de alguma forma, ilustra uma verdade. Se lembra da piada que o profeta Elias fez quando estava diante dos profetas de Baal, quando eles estavam pedindo fogo do céu e não estavam sendo atendidos? (1Rs 18: 27) O humorismo ruim faz rir com a imagem de uma mentira, de um desejo insatisfeito ou de uma coisa ruim acontecendo com outros. Por exemplo, mulheres bonitas com corpos vistosos e roupas que ressaltam as formas demonstrando interesse em homens sem atrativos físicos, às vezes também pobres e burros; e isso em um programa de televisão para ser assistido por homens solteiros com vida sexual precária e homens casados com esposas intragáveis de corpos horrorosos (talvez para ter menos antipatia do público feminino, essas mulheres que os homens acham gostosas são caricaturalmente burras ou interesseiras, e quase sempre são comprometidas ou desinteressadas em sexo). Na segunda metade do século XX pelo menos no Brasil, o humorismo em todos os formatos estava praticamente dividido em crítica social esquerdista, crítica de coletivos de esquerda a quem eles diziam ser de direita, materiais comerciais em imagem e vídeo com alguma cena de apelo sexual, comédias sexuais, piadas de conteúdo sexual de baixo nível, clichês com tipos físicos ou regiões geográficas e comédia pastelão (torta na cara, chutes na bunda e coisas do tipo). E naquela época, as pessoas de melhor nível de intelecto, de consciência política e de autocrítica apreciavam mais a produção esquerdista (e não estavam erradas).

Quanto o conhecimento da verdade e o autoconhecimento fizeram você falar e escrever melhor? Parece estranha a pergunta? A fala de quem evita conhecer a si mesmo, observar o próprio entorno, pensar na própria vida ou ser conhecido como é, o que ela menos tenta fazer é comunicar ideias, ainda mais ideias nítidas com termos precisos. Se você conhece ou já consultou um psicólogo, sabe que o que ele mais faz é fazer perguntas para o paciente e ouvir as respostas. Outra coisa: se comunicar com alguém de forma eficaz também exige conhecer o receptor da mensagem, tanto conhecer quem ele é, pelo menos em linhas gerais, quanto conhecer como ele pensa, o que ele sabe, como ele entende essa ou aquela palavra, etc. Você pode ter observado que os escritores, os colunistas de jornal, os apresentadores de programas, etc de que você mais gosta têm uma formação muito diferente da sua, mas escrevem ou falam como se fosse pra você; ao mesmo tempo, os mais medíocres, pedantes e idiotas parecem se dirigir a quem pensa como eles ou a quem devia saber quem eles são. Eu mesma, confesso, fui pensar nisso enquanto estava organizando essas ideias.

Um estilo de vida tão horrível quanto o pessimismo e o horror ao prazer é a compulsão. A compulsão por sexo, por comida, a compulsão antirreligiosa que muitos chamam de ateísmo são parecidas com o uso do álcool como alívio (não o vício, em que a pessoa nem sente prazer), é uma sensação de bem-estar para fugir de alguma coisa. Eu mesma sou ateia e licenciosa e não tenho compulsão contra a religião nem contra a castidade. Eu sou ateia porque vejo a inexistência de deuses como uma observação inescapável. Eu sou licenciosa porque vejo a castidade como indefensável. Você deve ter visto alguns casos de mulheres ateias ou sexualmente desinibidas em que quase todas elas estavam em uma fase de rebeldia contra os pais, ou em crise religiosa, ou revoltadas com o parceiro fixo. Você deve ter observado também que a maioria dessas mulheres sexualmente liberais tem uma fé cristã mesmo não frequentando igreja, e a maioria dessas mulheres ateias é homossexual, bissexual ou tem uma heterossexualidade só um pouco mais liberal que as mulheres cristãs conservadoras. Eu não tenho nada disso, nunca tive. Pra vocês terem uma ideia, se eu transasse com um homem diferente por final de semana e 4 no Carnaval desde os 18 anos, seriam 55 homens por ano e, como eu tenho 27 anos, seriam cerca de 500. Eu estou na vida de licenciosidade desde os 14 e só transei com 290 rapazes, porque eu também dou preferência para os já conhecidos. Eu também não tenho um conflito com a minha família. Eu já disse ao meu pai e aos meus irmãos homens que eu não teria problema algum com dar diversões sexuais num encontro da família, mas eu também posso ficar na cozinha com as moças. E eu disse às minhas irmãs uma vez que se o marido de uma delas me comer, ela pense em como ela tem um homem maravilhoso e com boa potência sexual na vida dela, em que ela tem várias qualidades que o marido gosta e eu sou só a única das irmãs que tem peito e bunda grande, e em que ela tem uma irmã legal para dar ao marido dela o que ela não tem coragem (as minhas irmãs são "crentes"). Eu conto isso para ilustrar que eu não uma satanista ninfomaníaca. E também para ilustrar o que eu disse sobre piadas.

O conhecimento da verdade e o autoconhecimento melhorou a sua saúde e a sua qualidade de vida? Não é só porque coisa reprimida faz mal. Também não é só porque saber de uma doença que você tem faz você se cuidar melhor. É que a sua postura em relação a si mesmo, ao mundo e à vida leva você a ter mais ou menos amor a si mesmo, amor ao próximo e alegria de viver, e isso influencia na saúde e nos bons ou maus hábitos.

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