terça-feira, 10 de abril de 2007

Felicidade e alienação não combinam

A gente é forte, saudável, inteiro, tem dinheiro, tem bom emprego, tem esgoto em casa. E aí, vamos esquecer os problemas do mundo que não nos atingem?

Ser feliz não é ser alienado. E ser inteligente não é não rir nunca. Se você lê muitos livros, jornais, revistas, tem cursos, tem muita experiência em alguma coisa, não é possível que você só viu coisa ruim.

A vida tem muita coisa boa. Algumas a gente até aproveita. No fim de semana, no que sobra do salário, nos lugares que dá pra ir a pé, com as pessoas que podem conversar com a gente, etc. Mas a vida é muito mais do que muita gente acha e vive. E pra você fazer uma daquelas coisas que você vai dizer "puxa, salvei a semana" ou "essa eu vou contar pros meus filhos", primeiro você tem que estar acima da mediocridade da maioria, segundo é como se você cometesse um crime hediondo.

Eu conheci gente muito legal, e algumas pessoas eu tenho certeza que eu ajudei a serem mais felizes e melhores como pessoas, mas se eu fosse cristã, casada, submissa, tonta, eu não ia conversar com essas pessoas.

Eu sou alegre e não respeito frescura de religião e sociedade, e convivo com gente que não suporta felicidade e inteligência.

Tem algumas coisas que eu já fiz e recomendo em matéria de sexo, só que se eu falar e você tem cabeça pequena, ainda mais se for mulher, você vai achar um horror, e olha que nem é coisa bizarra. E não foi nada com parceiro fixo, que eu nunca tive.

Eu já brinquei, assisti filme, bati papo e outras coisas com várias pessoas que gostam de mim, mas a gente tinha que driblar as esposas, os maridos, os pais, as fofoqueiras de janela da rua, os puxa-sacos do serviço, etc porque elas não podiam ser vistas comigo.

Não dá pra achar que está tudo bem. Não dá pra ficar sem pensar. Se você viver alienado, na velhice você vai falar dos bens que conseguiu juntar, dos maridos das suas filhas, dos seus casos de quando você era novo, do seu trabalho na igreja e dos seus escândalos em defesa da moral e dos bons costumes.

Abigail Pereira Aranha

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Esse texto eu fiz pra responder aquele texto "Seja um idiota", do Arnaldo Jabor

Um comentário:

  1. Gostei do ponto de vista, paro mesmo para me perguntar por um momento, se já fui mais feliz antes…quando
    pensava ou refletia pouco sobre certas coisas. Hoje percebo o quanto era inocente.
    E me vejo as voltas com a decisão de falar o que penso ou não. Porque certas pessoas que não tem disposição pra ouvir…são como muros intransponíveis…
    Em alguns momentos é como se tentasse falar com alguém que não entende a minha língua…

    Mas gostaria de fazer uma ressalva, porque fiquei curiosa e acabei lendo o texto de Seja um idiota e olha o que descobri:

    http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3510397


    Abraço!

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