terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Nota de repúdio ao artigo "Homem não presta" e meus comentários

Nota de repúdio à matéria veiculada na Folha de São Paulo em 14/01/2018 (Yago Luksevicius de Moraes)

"Homem não presta", ou "Na nossa espécie, violência e estupidez são coisa de homem, não de mulher", Reinaldo José Lopes, Folha de São Paulo, 14 de janeiro de 2018

"Homem não presta", ou "Na nossa espécie, violência e estupidez são coisa de homem, não de mulher", Reinaldo José Lopes, Folha de São Paulo, 14 de janeiro de 2018

"Homem não presta", ou "Na nossa espécie, violência e estupidez são coisa de homem, não de mulher", Reinaldo José Lopes, Folha de São Paulo, 14 de janeiro de 2018

No dia 14 de Janeiro de 2018, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria escrita pelo colunista Reinaldo José Lopes, na qual ele utiliza de argumentos incompletos e superficiais para defender que "homem não presta", que "violência e estupidez são coisas de homem", disseminando o ódio contra os homens e reforçando o estereótipo da "masculinidade tóxica".

O autor justifica sua opinião alegando que há correlação entre ser homem e estar envolvido em casos de violência e de acidentes, mas o mesmo acontece com outros grupos, como negros e pobres, mas defender que "negros não prestam" ou que "violência é coisa de pobre" jamais seria admitido.

Embora seja verdade que a maioria dos casos de agressão tenha os homens como perpetradores e muitos acidentes evitáveis tenham os homens como as principais vítimas, o colunista não menciona que homens são mais propensos a arriscar a vida para proteger os outros, sendo maioria dos policiais, bombeiros e qualquer outra profissão perigosa, além de estudos comparando a violência sofrida e perpetrada por cada sexo, e isentos da narrativa feminista homem-agressor/mulher-vítima, demonstram haver simetria tanto na agressão quanto na vitimização, mudando apenas a modalidade. Assim, enquanto homens são mais propensos a agredirem de formas facilmente perceptíveis, como a violência física e sexual, as mulheres são mais propensas a praticarem atos de violência mais difíceis de serem reconhecidos, como a violência psicológica, o mau-trato infantil, envenenamento e pedir que outra pessoa cometa a violência por ela. (exemplos podem ser encontrados nos livros de Warren Farrell, nos escritos de Murray Straus, Simone Alvim e outros).

Se invertêssemos os papéis e tivéssemos um artigo dizendo que "mulheres não prestam" ou que usasse o fato de a maioria quase absoluta de alienadores parentais e pensões ter a mulher como beneficiária para dizer que "manipulação e extorsão são coisa de mulher", esse artigo seria facilmente considerado discurso de ódio contra a mulher e todos os meios de comunicação do país estariam exigindo a retratação e punição dos envolvidos. Sendo assim, repudiamos as declarações ofensivas publicadas no jornal e exigimos a imediata retratação dos envolvidos.

Reconhecemos que não se trata de homens não serem maioria dos envolvidos em atos de violência ou não fazerem coisas "estúpidas". Mas entendemos que o combate à discriminação de gênero, presentes no artigo 5º da Constituição Federal de 88 e no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, vai além de combater a violência contra a mulher. Somos contra a tentativa cada vez mais comum de transformar o sexo/gênero masculino em um inimigo, de fomentar o ódio através da segregação da sociedade em mocinhos e vilões e exigimos que os homens sejam reconhecidos como seres humanos, seres imperfeitos com qualidades e defeitos.

#homemprestasim

Psicoandrologia - Psicologia Masculina, http://psicoandrologia.blogspot.com/2018/01/nota-de-repudio-materia-veiculada-na.html e https://www.facebook.com/psicologia.do.homem/posts/1686192511423622. As fotos são deste último, o texto está na página do jornal com o título "Na nossa espécie, violência e estupidez são coisa de homem, não de mulher".

Na nossa espécie, violência e estupidez são coisa de homem, não de mulher

Reinaldo José Lopes

14/01/2018 02h20

Homem –no sentido de indivíduo do sexo masculino da espécie Homo sapiens– é bicho que não presta. Não me dá prazer nenhum constatar esse fato, mas só alguém dominado por doses elevadas de hipocrisia ou cegueira seria capaz de negá-lo. A posse de um cromossomo Y frequentemente parece ser um pré-requisito para se deleitar com os mais variados tipos de pancadaria ou idiotice.

"Mas nem todo homem é assim", diriam indignados alguns de meus companheiros de masculinidade.

Sem dúvida, embora o peso das estatísticas, em todos os tempos e lugares, deponha contra os homens. Sim, pessoas são indivíduos, não médias estatísticas, e a variação que existe de um ser humano para outro é gigantesca, mas isso não invalida o fato de que, onde quer que haja violência ou estupidez, a probabilidade de que um ou mais homens sejam os protagonistas é elevada.

Em qualquer país do mundo, por exemplo, cerca de 90% dos homicídios são cometidos por homens –e a maioria deles está ligada a motivos (comparativamente) bobos: o entrevero no trânsito, o bate-boca no boteco, a tentativa de "lavar a honra com sangue". Homens matam sobretudo outros homens e, claro, também matam muitas mulheres (por outro lado, para cada 30 ou 40 casos nos quais um homem elimina um rival do sexo masculino, há apenas um caso no qual uma mulher assassina outra).

Surfar trens, brincar de roleta-russa ou fazer um "racha", passando por sinais vermelhos no centro da cidade a 150 km/h? Coisa de homem, claro –principalmente dos que pertencem à faixa etária que vai da adolescência aos 30 anos. Homens jovens são assassinados ou sofrem acidentes fatais a uma taxa cinco vezes superior à das mulheres, além de correr risco cinco vezes mais alto de ser torrados por um raio (afinal, tentar se proteger de uma tempestade não é coisa de macho). E não esqueçamos do Darwin Awards, a infame "premiação" concedida às pessoas que morrem ou ficam estéreis graças à sua própria imbecilidade e, com isso, supostamente melhoram as qualidades genéticas da humanidade ao não se reproduzir –como seria de esperar, cerca de 90% dos vencedores são do sexo masculino.

Seria reconfortante imaginar que todas as mazelas elencadas nos últimos parágrafos são resultado direto da criação e da cultura: frequentemente educados para agirem como brutamontes, no pior estilo "homem não chora, moleque", muitos meninos acabariam crescendo desse jeito torto. Seria reconfortante, mas incorreto –algumas das tendências negativas da masculinidade aparecem logo que as crianças aprendem a andar. Meninos, em média, mordem, batem e empurram outras crianças com frequência maior do que meninas. Também têm preferência muito mais acentuada pela popular "brincadeira de mão", como dizia minha avó: essencialmente, o brincar de lutar.

Muitas dessas diferenças entre homens e mulheres provavelmente têm origem biológica –o que, claro, não significa que elas sejam imutáveis e escritas em pedra, feito os Dez Mandamentos. Nas Américas, há 16 homicídios anuais por 100 mil habitantes, enquanto o número é apenas 3 na Europa –o que significa que muitos homens europeus estão escapando de seu suposto destino violento.

Reconhecer que há uma natureza humana básica pode muito bem ser o primeiro passo para estimular o que há de melhor nela, sem tentar reescrevê-la do zero.

"Na nossa espécie, violência e estupidez são coisa de homem, não de mulher", Reinaldo José Lopes, Folha de São Paulo, 14 de janeiro de 2018, http://www.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2018/01/1950138-na-nossa-especie-violencia-e-estupidez-sao-coisa-de-homem-nao-de-mulher.shtml

Meus comentários

É muito curioso que esse texto seja da mesma quinzena em que um grupo de mulheres reagiu a uma campanha feminista contra o assédio sexual no Globo de Ouro. Também é muito curioso que a quinzena também seja a mesma em que a própria Folha, na falta de material melhor, insinuou que Jair Bolsonaro e seus filhos tenham tido algum esquema ilícito para ter um valor maior em imóveis do que o que ganharam em seus mandatos políticos, coisa que qualquer popular que viu um bairro de periferia crescer explica. Esse texto parece um improviso do colunista para agradar uma chefia que precisa prestar contas do que ganhou do Petrolão, um improviso tão horrível que... como "estimular o que há de melhor" em quem não presta?

Mas isso mostra o que eu disse e quase toda a direita não entendeu, e até no perfil do Olavo de Carvalho no Twitter, eu fui bloqueada por ter dito: os antiesquerdistas não terem uma mídia própria dá nisso. O mesmo grupo da Folha e do Estadão tem o Reinaldo Azevedo e a Ana Paula do Vôlei, dividindo espaço com Reinaldo José Lopes, Ruth Manus e o ativista de extrema-esquerda Guilherme Boulos. Assim como Rodrigo Constantino dividiu espaço com Luís Fernando Verísismo no jornal O Globo. Ou como Reinaldo Azevedo hoje é tão parte da equipe Band News FM quanto Ricardo Boechat ou Leandro Karnal. E isso porque a imprensa tradicional percebeu que desde 2013, as ideias liberais e conservadoras não servem só para serem zombadas e eliminadas como lixo, elas podem atrair leitores para o periódico também, via colunistas de opinião que entraram na equipe porque se tornaram conhecidos do público, e não vice-versa.

Se é assim para os liberais e os conservadores cristãos, é pior para os homens como grupo. O máximo que os homens veem na imprensa tradicional e nas artes e entretenimentos que não os deprecia costuma ser exatamente esse modelo tosco de masculinidade que o texto mostra. Então, a mentira quase se faz verdade. A coisa só não é pior porque a "mainstream media" não tem a força de 30 ou 40 anos atrás. De acordo com o próprio Grupo Folha, a tiragem diária de 2015 não chegava a 350.000 exemplares, e a Folha foi "o jornal brasileiro de maior tiragem e circulação entre os diários nacionais de interesse geral". Mesmo no Facebook, a Folha tem 5,8 milhões de seguidores e 6 milhões de curtidas. Isso é quase a metade da população da cidade de São Paulo e menos de 15% da população do estado de São Paulo. E quase 3% da população do Brasil. Isso sugere que pelo menos 97% da população brasileira e 85% da população do próprio estado onde o jornal foi publicado nem viu e nem sabe sobre esse artigo que estamos discutindo aqui. Mas é exatamente esse o problema: para quem o jornal escreve, então? Para os parasitas que diz que eles são machistas e conduziram o "golpe" contra a Rainha Louca? Sim e não. Comento no próximo texto.

Abigail Pereira Aranha

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