terça-feira, 23 de agosto de 2016

A mulher é o negro do Feminismo - episódio 3: "quando a questão é aborto, é direito da mulher; quando é venda de sexo, o Estado deve intervir"

Jogos "família" veem briga ideológica de prostitutas e feministas radicais

Luiza Oliveira

Do UOL, no Rio de Janeiro

08.08.2016 01h21

Getty Images

Turistas estrangeiros em busca de sexo fácil, prostitutas nas ruas, exploração sexual de menores... Quando se fala em grandes eventos como Olimpíadas, esses assuntos sempre vêm à tona. Mas o Rio de Janeiro olímpico vive um cenário diferente. As garotas de programa preveem época de vacas magras com a crise econômica e uma forte repressão policial. E a questão vai bem além disso: elas travam uma disputa ideológica contra um grupo ligado ao feminismo radical.

O confronto entre garotas de programa e essa linha de feministas ficou acalorado em grupos de discussão e já trouxe consequências para os Jogos. Enquanto as prostitutas lutam pelo direito de exercer sua profissão e serem tratadas como trabalhadoras normais, as feministas radicais agem contra essa proposta.

A ativista e advogada Eloisa Samy, considerada uma das líderes dessa linha do feminismo, acredita que a prostituição representa a principal forma de exploração da mulher em uma sociedade patriarcal. Por isso, pede que haja uma maior fiscalização em torno da cafetinagem durante os Jogos e defende até o aumento da intervenção policial para inibir a ação dos clientes e a exploração das mulheres.

"Eu não posso admitir que um evento olímpico, que preza o bem-estar das pessoas com tão nobres ideais, se preste a servir a uma causa tão mesquinha, que é a principal forma de exploração da mulher e da objetificação dos nossos corpos", afirma Eloisa.

Eloisa considera ainda que a prática incentiva o machismo e a violência contra a mulher. "A prostituição também faz parte da cultura do estupro, da indústria da pornografia, de exploração de menores, tráfico de pessoas. Vem turistas homens aqui só para isso, e quem consome é homem. Durante a Copa do Mundo, inúmeras mulheres nas ruas eram chamadas de putas pelos argentinos. E olha que são nossos vizinhos. Está disseminada a ideia da brasileira hipersexualizada peituda, para ser vendida como objeto sexual", reclama.

Feminista da mesma linha, Daniela Lima é contra a repressão policial e acusa a polícia de ser parte dos esquemas de violência contra as mulheres em situação de vulnerabilidade. Mas ressalta a importância da fiscalização da pedofilia. "Em uma situação de mega eventos, o turismo sexual não se separa da pedofilia, não pode ser descolado da exploração de menores. É um quadro, uma realidade. Prova disso é que pegaram espaços de exploração infantil em torno da Vila Olímpica", afirma.

Verdadeiras feministas?

Luiza Oliveira/UOL

Garota de programa e transexual, Indianara Siqueira quer trabalhar nos Jogos Olímpicos. Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Os defensores do trabalho das garotas de programa, no entanto, se revoltam com as tentativas do que eles consideram repressivas. Eles afirmam que a prática é legal e não há qualquer relação com crimes como exploração de crianças, que devem ser amplamente combatidos. Acusam ainda algumas linhas do feminismo de disseminarem uma imagem estigmatizada das profissionais que só faz aumentar o preconceito contra elas.

Na visão deles, é um absurdo feministas apoiarem o uso da força da polícia contra qualquer mulher. "É uma falta de noção. A nossa força policial mata pessoas, é tão patriarcal e machista, e elas defendem o direito de a polícia coibir mulheres por determinado comportamento sexual. Elas estão servindo como base de manobra para as tendências mais patriarcais e direitistas do Congresso. Quando a questão é aborto, é direito da mulher, quando é venda de sexo, o estado deve intervir. Estão agindo como se fossem da extrema direita", diz Thaddeus Blanchette, coordenador da pesquisa etnográfica do Observador das Prostitutas. Ele é estudioso do tema e representante da Associação das Prostitutas nos Conselhos Estaduais e Nacionais de Combate ao Tráfico.

Daniela Lima se revolta com esse argumento. "É um ataque comparar mulher feminista com bancada religiosa composta por homens brancos em situação de poder. É completamente inaceitável. A questão não é moral, mas sim política", rebate.

A prostituta e transexual Indianara Siqueira aumenta o coro contra as feministas. Para elas, as garotas de programa representam, na verdade, um enfrentamento ao machismo. "As prostitutas fazem sexo sem intenção de reproduzir, elas cobram, quebram com o patriarcado. Prostitutas são as feministas que rompem, as mais revolucionárias. Elas têm liberdade, são donas dos corpos delas, livres e empoderadas. Sabemos que há mulheres que sofrem na prostituição, mas sofrem mais nos lares domésticos, casadas. A maioria das mulheres é estuprada por homens de confiança a serviço do patriarcado e que fazem sexo de graça. É mais seguro ser puta que esposa nessa sociedade", afirma.

Mas Daniela Lima questiona essa liberdade, especialmente no que diz respeito à prostituição de mulheres negras e pobres. "Até para dizer 'meu corpo, minhas regras' elas têm que estar em uma situação de poder em relação a elas mesmas. Quem fabrica essas regras? Essas mulheres estão sobrevivendo. A maioria das mulheres negras e pobres se prostitui por um prato de comida. Quais são as escolhas que essas mulheres têm? São dignas? Dizer isso é ignorar uma série de violências que ocorrem, mulheres violentadas, estupradas", questiona.

O tema bombou nas redes sociais e ocupou mesas em grupos de debate no Rio de Janeiro. Mas as discussões ficaram acaloradas e já houve acusações de agressões verbais de ambas as partes. Thaddeus Blanchette acusa Eloisa Samy de xingá-lo de "proxeneta" e "cafetão". A ativista se defende e o acusa de desonesto, por inventar calúnias.

O grande embate se dá em torno do Projeto de Lei Gabriela Leite, de autoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que regulamenta a atividade dos profissionais do sexo e está parado na Câmara dos Deputados. O autor defende que a marginalização das pessoas que lidam com comércio do sexo leva à exploração sexual. Os opositores, no entanto, dizem o contrário. Afirmam que a lei vai beneficiar apenas os exploradores e incentivar cafetinagem, já que não garante leis trabalhistas às garotas de programa.

A única concordância é que uma tentativa de abolir a prostituição será em vão. Ambos os grupos defendem que as mulheres que estão nessa atividade se empoderem e tenham uma vida digna. Por isso, é necessário investir em políticas públicas que incentivem a educação e as deem condições de escolher o melhor caminho para o futuro. "A questão que defendo é a inclusão social e o aumento de escolhas para essas mulheres para que tenham escolhas reais e não fictícias", defende Daniela.

Vacas magras nas Olimpíadas

Enquanto o governo não age sobre o tema, as prostitutas precisam trabalhar para garantir seu sustento. Indianara ainda espera lucrar durante os Jogos, mas diz que o quadro já está difícil.

"A gente espera ganhar, mas já temos experiência na Copa em que não tivemos esse lucro todo. Espero que os Jogos tragam mais estrangeiros. Mas vai ter uma repressão muito forte, muitos lugares de prostituição foram fechados, lugares em Copacabana foram fechados. E tem o exército na rua em Copacabana, uma repressão muito grande, muito combate", afirma. "A prostituição não vai ser fácil, a gente não vai ter regalia. E a gente espera não ter regalia, mas no mínimo que lucre todo dia", completa Indianara.

Ágata Oliveira é outra profissional do sexo que pretende sair do centro e migrar para Copacabana na tentativa de ter mais sucesso. Mas ela reclama: "Tem muita polícia na rua, está difícil trabalhar".

Ao contrário do que se pensa, os Jogos são vistos como um período difícil para as profissionais do sexo. Além de uma maior repressão policial na tentativa de higienizar a cidade, as Olimpíadas têm uma reputação de "evento família". O conceito é diferente da Copa do Mundo, considerado um evento majoritariamente masculino. A única aposta para faturar mais seria na ideia de maior liberdade sexual dos atletas, alavancada até pela ampla distribuição de preservativos na Vila Olímpica.

Mesmo se depender da demanda na Copa do Mundo, o cenário não será favorável. O Observatório da Prostituição fez um estudo durante o Mundial e concluiu que houve uma queda na procura de 15%. Nas Olimpíadas, essa queda promete ser mais acentuada. Thaddeus afirma que o público das garotas de programa não é o turista estrangeiro, mas sim a classe trabalhadora carioca que frequenta os bordeis do centro da cidade ou da Vila Mimosa nos dias de semana. Nos dias em que são decretados feriados, esse público não aparece. O trabalho só aumentaria na região de Copacabana, que concentra turistas estrangeiros.

"O fluxo de estrangeiros na Copa não compensou a ausência dos trabalhadores brasileiros no centro da cidade. Visitamos 89 prostíbulos, com os 20 mais frequentados, quase todos os dias em Vila Mimosa e Copacabana. Estima-se que houve queda de 15%", afirma Thaddeus.

Nesta segunda, o Rio olímpico terá o seu primeiro "dia útil". A concorrência será grande.

"Jogos 'família' veem briga ideológica de prostitutas e feministas radicais", UOL, 08 de agosto de 2016, http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/08/prostitutas-tem-guerra-contra-feminismo-e-preveem-prejuizo-em-jogos-familia.htm

A atuação da advogada Eloisa Samy dentro e fora dos tribunais

Aos 47 anos, Eloisa Samy Santiago é conhecida por defender muitas causas, dentro e fora dos tribunais. Nos últimos dias, a advogada da jovem que sofreu estupro coletivo — agora afastada do caso — voltou a estar sob os holofotes da mídia, embora amigos e ela própria garantam que esta não seja sua intenção.

As últimas vezes em que Eloisa apareceu nos jornais foram por ocasião das manifestações de 2013 e 2014, das quais participou como ativista. Acusada de ter se envolvido nos protestos que tomaram conta do Rio, a advogada responde a uma ação por associação criminosa movida pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ). O caso ainda não foi julgado. Ela chegou a pedir asilo político ao Consulado do Uruguai, o que lhe foi negado.

Formada pela Universidade Cândido Mendes, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, a advogada atua em várias áreas: Direito Civil, Comercial, Trabalhista, de Propriedade Intelectual, Direito Criminal, e ainda no Direito Administrativo, de acordo com o site do seu escritório de advocacia.

Homossexual assumida, Eloisa defende vários direitos das mulheres, entre eles, o direito ao aborto. Vegetariana e apaixonada por gatos, a moradora da Zona Norte mantém um estilo despojado, brincalhão e solidário.

Trecho de "A atuação da advogada Eloisa Samy dentro e fora dos tribunais", de Rafaella Barros, jornal Extra, Rio de Janeiro, 30 de maio de 2016, http://extra.globo.com/casos-de-policia/a-atuacao-da-advogada-eloisa-samy-dentro-fora-dos-tribunais-19393767.html

Meus comentários

Na matéria do outro texto, nós tivemos dois ativistas defendendo a regulamentação da prostituição: uma transexual e um gay. A única prostituta lá dizia que "prostituição é estupro pago". Na primeira matéria, a prostituta entrevistada quer continuar trabalhando. Estamos melhorando.

E enquanto os homens são todos iguais como pardais e são estupradores de mulheres e crianças, as mulheres feministas que odeiam a prostituição têm opiniões diferentes: uma acha justo chamar a polícia para atrapalhar o trabalho de outra mulher e outra não. E dois meses e meio antes dessa primeira matéria, nós vemos em outra matéria, do jornal Extra, das Organizações Globo, que a lésbica paranoica que pensa que todo homem é estuprador é uma pessoa adorável. Ah, e olha só o jeito brincalhão dela.

Eloisa Samy Santiago. Fonte: O Globo, http://oglobo.globo.com/rio/familia-dispensa-advogada-que-defendia-vitima-de-estupro-19393168

E alguém mencionou "investir em políticas públicas que incentivem a educação e as deem condições de escolher o melhor caminho para o futuro". Para não me esticar muito, vou lembrar o artigo da Belle Knox no Huffington Post cujo título traduzido é "Eu não quero sua piedade: trabalho sexual e política de trabalho". Lembrando: ela fez filmes pornôs para pagar o curso universitário e se declara ativista feminista. Temos a Gabriela Leite que decidiu virar puta depois de entrar na universidade. Temos a Nina Hartley, que é atriz pornô e ativista feminista com um curso universitário de Enfermagem (ela foi enfermeira registrada durante a carreira pornô). Então, para sustentar a ideia de que o sexo em geral e a prostituição em particular é uma degradação da mulher, os feministas varrem mulheres dissonantes para debaixo do tapete até no próprio movimento.

Mas pela experiência que temos de lesbossocialistas defendendo a educação, a distinta dama não devia estar mesmo pensando que mulheres com um diploma universitário ou em um curso universitário não se prostituem nem fazem filmes pornográficos. Ela talvez tivesse vagamente em mente que mesmo prostitutas com baixa instrução que são vítimas de violência de verdade nunca se imaginam como lésbicas raivosas defendendo a cultura do estupro (dizendo que essa asneira existe). Educação é importante, sim. Educação feminista para sustentar o movimento feminista, que inclui professoras universitárias que nem passam um mês sem faltar à sala de aula. Mas a ideia nem é só sustentar uma legião de lésbicas parasitas, é criar uma tirania cultural da própria sociopatia. Para isso, vale usar a polícia do patriarcado para afugentar mulheres que se oferecerem sexualmente aos homens.

Diziam os feministas que a mulher é o negro do mundo. Agora, a mulher é o negro do Feminismo.

Abigail Pereira Aranha

[Projeto de lei] Gabriela Leite | Fala Aí, Jean! [Episódio 10]


Questo testo in italiano senza filmati di dissolutezza in Men of Worth Newspaper: "Le donne sono i negri del Femminismo - episodio 3: 'quando la questione è l'aborto, è diritto delle donne; quando è la vendita di sesso, lo Stato deve intervenire'", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/08/le-donne-sono-i-negri-del-femminismo-episodio-3.html.
Questo testo in italiano con filmati di dissolutezza in Periódico de Los Hombres de Valía: "Le donne sono i negri del Femminismo - episodio 3: 'quando la questione è l'aborto, è diritto delle donne; quando è la vendita di sesso, lo Stato deve intervenire'", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/08/le-donne-sono-i-negri-del-femminismo-3.html.
Ce texte en français sans films de libertinage au Men of Worth Newspaper: "Les femmes sont les nègres du Féminisme - épisode 3: 'lorsque la question est l'avortement, c'est droit des femmes; quand est la vente de sexe, l'État doit intervenir'", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/08/les-femmes-sont-les-negres-du-feminisme-episode-3.html.
Ce texte en français avec films de libertinage au Periódico de Los Hombres de Valía: "Les femmes sont les nègres du Féminisme - épisode 3: 'lorsque la question est l'avortement, c'est droit des femmes; quand est la vente de sexe, l'État doit intervenir'", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/08/les-femmes-sont-les-negres-du-feminisme-3.html.
Eso texto en español sin películas de putaría en Men of Worth Newspaper: "Las mujeres son los negros del Feminismo - episodio 3: 'cuando el tema es el aborto, es derecho de la mujer; cuando es la venta de sexo, el Estado debe intervenir'", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/08/las-mujeres-son-los-negros-del-feminismo-episodio-3.html.
Eso texto en español con películas de putaría en Periódico de Los Hombres de Valía: "Las mujeres son los negros del Feminismo - episodio 3: 'cuando el tema es el aborto, es derecho de la mujer; cuando es la venta de sexo, el Estado debe intervenir'", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/08/las-mujeres-son-los-negros-del-feminismo-3.html.
This text in English without licentiousness movies at Men of Worth Newspaper: "Women are the negroes of the Feminism - episode 3: 'when the issue is abortion, it's women's rights; when is sale of sex, the State must intervene'", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/08/women-are-the-negroes-of-the-feminism-episode-3.html.
This text in English with licentiousness movies at Periódico de Los Hombres de Valía: "Women are the negroes of the Feminism - episode 3: 'when the issue is abortion, it's women's rights; when is sale of sex, the State must intervene'", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/08/women-are-negroes-of-feminism-episode-3.html.
Texto original em português sem filmes de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "A mulher é o negro do Feminismo - episódio 3: 'quando a questão é aborto, é direito da mulher; quando é venda de sexo, o Estado deve intervir'", http://avezdasmulheres.over-blog.com/2016/08/a-mulher-e-o-negro-do-feminismo-episodio-3.html.
Texto original em português com filmes de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "A mulher é o negro do Feminismo - episódio 3: 'quando a questão é aborto, é direito da mulher; quando é venda de sexo, o Estado deve intervir'", http://avezdoshomens.blogspot.com/2016/08/a-mulher-e-o-negro-do-feminismo-3.html.
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