ATO 1
Entrevista com o escritor e palestrante Luiz Marins[1] publicada no Jornal Cultural Conhece-te a Ti Mesmo, de Conselheiro Lafaiete (MG), de março de 2015, a pergunta e a resposta a seguir estão nas páginas 15 e 16:
Marcelo Pereira Rodrigues: Qual a diferença o senhor observa entre ética e moral no meio empresarial e na vida como um todo?
Luiz Marins: Todo ser humano tem uma consciência moral que o leva a distinguir entre o bem e o mal no contexto de sua vida. A ética investiga e aplica a moral no cotidiano de cada pessoa. Num mundo empresarial complexo e competitivo como o que vivemos, todo empresário e mesmo executivo vive dramas éticos muito fortes. Embora a moral condene, muitas pessoas se sentem compelidas a tomar decisões moralmente inaceitáveis para salvar empregos, ou mesmo a empresa. É o drama da corrupção que assola o Brasil quando muitas empresas são coagidas a participar de esquemas moralmente reprováveis para sobreviver.
Se lembra daquela piada de que a empresa estava à beira do precipício e tomou a decisão correta e deu um passo à frente? O entrevistado fala de corrupção em um "mundo empresarial complexo e competitivo como o que vivemos". Como assim complexidade e competitividade num país assolado pela corrupção? É quem está no esquema que rouba mais dinheiro público? Não copio a entrevista aqui porque é grande e esse trecho é ilustrativo de toda ela. Aliás, a ética empresarial ou institucional acaba sendo, na prática, baixar a cabeça para superiores cretinos, paranoia de velha anorgásmica e farisaísmo sobre o baixo escalão dentro e fora do trabalho.
ATO 2
Dia 2, o advogado André Mansur publica uma estorinha no Facebook intitulada "O Abacaxi", em que um funcionário há 20 anos na empresa vai reclamar que ganha menos que o colega que só está lá há 3 e o patrão mostra que o funcionário com 3 anos de casa é bom e o que tem 20 não é. Mesmo como darwinismo social de quinta categoria para intimidar empregados de baixo escalão, a estória é inconsistente, e numa hora que não podia ser mais infeliz. Já chego lá.
ATO 3
Os amigos liberais-fascistas cristãos homofóbicos gays estupradores virgens já conheciam o tal Renato Janine Ribeiro: a façanha mais notória dele foi falar como uma vadia lésbica d'O Mínimo que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota e FUGIR de um desafio público feito pelo autor a participar de um debate sobre um tema de Filosofia à escolha do crítico, sendo o próprio Janine um filósofo dizendo que o autor Olavo de Carvalho não é. Pois bem, este é o novo ministro da educação do Brasil (minúsculas corretas). Naquele mesmo dia 2 daquela postagem do André Mansur, que eu nem tinha visto, eu mando uma mensagem para o editor-chefe daquele Jornal Cultural Conhece-te a Ti Mesmo:
Oi, já que você tem um jornal cultural, poderia comentar sobre um sujeito como esse ser ministro da Educação?
http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/files/2014/04/Janine.jpg[2]
E o que o editor-chefe do jornal cultural me responde? "Farei isso no tempo certo". Ele está um pouco deslumbrado com o lançamento de um livro dele em Portugal, o lançamento de outro livro de um editor adjunto que é um palpiteiro mangina, os holofotes sobre a outra editora adjunta que é mestre em Linguística mas que só eu já dei dois chapéus[3] nela dentro da sua própria área no Facebook. O editor-chefe do jornal cultural não tem nem a covardia disfarçada de pensamento estratégico: ele simplesmente não entendeu em termos de jornalismo a gravidade da situação em termos de cultura.
CONCLUSÃO
O capitalismo brasileiro está se dividindo entre os capitalistas que se alimentam da corrupção e os capitalistas honestos que devem falir em menos de 5 anos. Vejamos bem: não são o capitalismo e a iniciativa privada que se misturaram com a política, foi a política de esquerda que se misturou com o capitalismo e a iniciativa privada. A corrupção ou o servilismo de alguns empresários pode até ser pelo ganho financeiro, mas este ganho pode ser a sobrevida da empresa. É o que acontece com a "grande mídia", para dar um exemplo conhecido: sem a verba de publicidade estatal, ela quebra. Você já ouviu no mundo real um empresário citar o nome do Instituto Von Mises Brasil ou do Rodrigo Constantino? Talvez já tenha visto algum defendendo o PT. Que a cultura brasileira virou uma grande conversa de vadias em torno de livros medíocres, filmes ainda piores, viagens ao exterior, ostentação acadêmica e propaganda disfarçada de ciência ou notícia, você talvez já tenha notado. Mas já percebeu que a decadência cultural já está lesando o próprio capitalismo?
Como podemos ter um professor da USP analisando um livro que nem leu insultando o autor e quem leu o livro sendo ministro da educação um ano depois e alguém pregar meritocracia salarial, ou melhor, lançando um ad hominem contra quem ganha menos do que merece? Como podemos ter cotas para negros nas universidades públicas, preferências para mulheres nas entrevistas de emprego feitas por homens, cotas para deficientes físicos em grandes empresas, e alguém pregar contra a falta de mão-de-obra qualificada? Aliás, você conhece quantos bons empregados há mais de 5 anos na mesma empresa que não falem de sair dela? Pior: quantos empregados exemplares demitidos você conhece? Então, como podemos ter um André Mansur ou um Luiz Marins repetindo os mesmos clichês de conversa de afeminados criados em condomínio em lanchonete de universidade de uma ou duas décadas atrás? Ou eles estão mentindo para o baixo escalão massageando os egos dos herdeiros que pagam pelas suas palavras, ou, o que é pior, eles realmente pensam que dizem a verdade. Nos dois casos, a revolução cultural do governo socialista já absorveu o capitalismo.
Quem acha que defender o capitalismo é combater o Socialismo já começa mal: o capitalismo é sistema econômico e o Socialismo é sistema político, então podem caminhar juntos como já fazem e nem a esquerda quer mudar isso. Quem defende o Liberalismo precisa estar de olho no Socialismo também como degeneração moral e do senso da realidade, e que assim atinge alguns capitalistas e alguns especialistas. Quem defende o Liberalismo também precisa lutar e incentivar quem luta pelas liberdades individuais e pela reversão da estupidez coletiva antes de defender a liberdade empresarial, porque empresas gigantes num país de mentalidade socialista não passam de provedoras financeiras e agências de propaganda do Socialismo. É provável que algumas empresas capitalistas em particular devam ser tratadas como inimigas. O movimento esquerdista não quer destruir o capitalismo, quer destruir a liberdade.
NOTAS:
[1] Presidente da Anthropos Consulting, http://www.anthropos.com.br.
[2] A imagem é do blogue do Felipe Moura Brasil e está em "Olavo tem razão. Parabéns, professor" (http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/04/30/olavo-tem-razao-parabens-professor) e "Janine na Educação: o homem do 'retardamento mental'" (http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2015/03/27/janine-na-educacao-o-homem-do-retardamento-mental)
[3] Amigos não-brasileiros que não conhecem o termo: em futebol, "chapéu" é um drible em que um jogador chuta a bola por cima do outro, passa por este outro e recebe a bola quando ela está voltando ao chão.
Apêndice
O Abacaxi, André Mansur Advogados Associados, 02/04/2015. Disponível em https://www.facebook.com/andremansuradvogadosassociados/photos/a.346249525387856.94295.341399965872812/989009057778563.
O Abacaxi
João trabalhava em uma empresa há muitos anos. Funcionário sério, dedicado, cumpridor de suas obrigações e, por isso mesmo, já com seus 20 anos de casa.
Um belo dia, ele procura o dono da empresa para fazer uma reclamação:
— Patrão, tenho trabalhado durante estes 20 anos em sua empresa com toda a dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado.
O Juca,que está conosco há somente três anos, está ganhando mais do que eu.
O patrão escutou atentamente e disse:
— João, foi muito bom você vir aqui.
Antes de tocarmos nesse assunto, tenho um problema para resolver e gostaria da sua ajuda.
Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço.
Aqui na esquina tem uma quitanda. Por favor, vá até lá e verifique se eles têm abacaxi.
João, meio sem jeito, saiu da sala e foi cumprir a missão.
Em cinco minutos estava de volta.
— E aí, João?
— Verifiquei como o senhor mandou. O moço tem abacaxi.
— E quanto custa?
— Isso eu não perguntei, não.
— Eles têm quantidade suficiente para atender a todos os funcionários?
— Também não perguntei isso, não.
— Há alguma outra fruta que possa substituir o abacaxi?
— Não sei, não…
— Muito bem, João. Sente-se ali naquela cadeira e me aguarde um pouco.
O patrão pegou o telefone e mandou chamar o Juca. Deu a ele a mesma orientação que dera a João:
— Juca, estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço. Aqui na esquina tem uma quitanda.
Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi, por favor.
Em oito minutos o Juca voltou.
— E então? – indagou o patrão.
— Eles têm abacaxi, sim, e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal; e se o senhor preferir, tem também laranja, banana e mamão. O abacaxi é vendido a R$1,50 cada; a banana e o mamão a R$1,00 o quilo; o melão R$ 1,20 a unidade e a laranja a R$ 20,00 o cento, já descascado. Mas como eu disse que a compra seria em grande quantidade, eles darão um desconto de 15%. Aí aproveitei e já deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo – explicou Juca.
Agradecendo as informações,o patrão dispensou-o.
Voltou-se para o João, que permanecia sentado ao lado, e perguntou-lhe:
— João, o que foi mesmo que você estava me dizendo?
— Nada sério, não, patrão. Esqueça. Com licença.
E o João deixou a sala…
Tem muita gente assim. Acomodada, que não faz absolutamente nada além do que foi estritamente pedido ou solicitado. São pessoas que acham "que já fazem demais" e sentem-se os eternos injustiçados. Num mercado competitivo como o do mundo atual, quem for melhor, quem se esforçar mais, quem se interessar realmente pelo que faz, é óbvio, que vai galgar postos no ambiente de trabalho. Não se restrinja, não se limite, amplie seus horizontes. Só assim você vai se destacar e ter sucesso na sua vida profissional.
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