quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Direita cristã, acabou! - parte 43: por que a direita e os conservadores do Brasil só fizeram besteiras enquanto Lula pareceu estar na iminência de voltar à Presidência da República?

Abigail Pereira Aranha

A direita do Brasil já perdeu três eleições para a Presidência da República para o PT mais uma quarta numa fraude eleitoral. E de acordo com as pesquisas eleitorais de 2017 e primeiro semestre de 2018, Lula podia ser o quinto mandato do PT. Antes de 2002, Lula já tinha perdido três eleições. Já no primeiro mandato de Lula, já existia e já tinha sido denunciado o Mensalão, esquema de compra de votos do que devia ser a oposição no Congresso. Nos 13 anos do PT, o Brasil não teve apenas os maiores esquemas e escândalos de corrupção da história, também teve um crescimento medíocre (quando não teve retração), desindustrialização, aumento de analfabetos funcionais até nas universidades. E todos os progressos que eles dizem que aconteceram ou foram ficções ou foram sequência de bons trabalhos de antecessores. Mas se Lula e Dilma Rousseff eram tão medíocres e corruptos, o que a direita fez contra eles? Ficar em fóruns insignificantes na internet ou nos perfis dos amigos nas redes sociais chamando Lula de analfabeto e bêbado, chamando Dilma de burra e fazendo piadas horrorosas para dizer como o Socialismo não funciona e como o Liberalismo é maravilhoso. E nas eleições de 2002 a 2014, esses direitistas votavam a contragosto no concorrente de centro-esquerda enquanto a família do ex-empregado do pai, aquele que recebeu as horas extras do ex-patrão pela Justiça do Trabalho, votava em peso no PT.

Para entendermos melhor o que é esquerda, direita e Conservadorismo, vamos rever os termos originais[1]:

Sabemos que a Revolução Francesa foi um dos acontecimentos mais impactantes da história, haja vista que foi a partir dela que novos modelos políticos, sociais e culturais surgiram na Europa, "enterrando" o Antigo Regime Absolutista e espalhando-se para outros continentes. A estrutura do Antigo Regime era composta por três Estados: a Nobreza (primeiro), o Clero (segundo) e a Burguesia (terceiro), que se dividia entre alta e baixa burguesia e incluía também os trabalhadores urbanos e os camponeses.

A revolução estourou, em 1789, por causa da busca de legitimidade e representatividade política por parte do Terceiro Estado. Os membros do Terceiro Estado reuniram-se em Assembleia Constituinte para redefinir os rumos da França, levando em conta o protagonismo da burguesia. No salão em que a Assembleia reuniu-se, dois grupos principais debatiam. Do lado esquerdo, encontravam-se os mais exaltados e radicais, alinhados com a baixa burguesia e os trabalhadores. Os principais representantes desse grupo eram os jacobinos. Do lado direito, estavam aqueles mais moderados, com tendência à conciliação e com boa articulação com a nobreza e a alta burguesia. Eram conhecidos como girondinos.

(...) A própria Revolução Francesa, se observada em seu todo, era uma revolução expressamente progressista, influenciada pelo Iluminismo francês. Mesmo os girondinos, que podiam ser mais ligados à tradição e moderados, estavam inseridos nessa perspectiva do progressismo, que, grosso modo, tinha em vista a crença no futuro, no progresso crescente e ininterrupto da humanidade em suas maiores qualidades e valores, como a liberdade e a igualdade etc. Esses traços típicos da ideologia progressista ainda podem ser observados em muitos discursos de esquerda ainda hoje.

Por outro lado, contrário ao progressismo, está o conservadorismo. Aquele que é considerado o pai do conservadorismo moderno, o britânico Edmund Burke (1729-1797), foi um dos principais críticos da Revolução Francesa, sendo contemporâneo dela. (...) O conteúdo do conservadorismo burkeano acabou por dar base de sustentação às ideologias ditas "de direita" no século XIX, sobretudo na Inglaterra e nos Estados Unidos. A defesa da ordem moral, da tradição e dos valores religiosos, da liberdade econômica, da livre iniciativa e da propriedade privada estão entre as premissas básicas do pensamento conservador.

Portanto, o Conservadorismo foi feito para arrebanhar analfabetos do fim do século XVIII contra o que, naquela época, era considerado progresso. A direita como foi descrita aqui hoje seria o centro ou a esquerda moderada.

Três fatos conhecidos para os quais os conservadores não têm refutação razoável ou que eles nem sabem: 1) não existe qualquer referência a Jesus Cristo em qualquer obra não-religiosa dos séculos I e II; 2) a Igreja Católica Apostólica Romana é do começo do século IV; 3) o ano do suposto nascimento de Jesus Cristo era desconhecido até o século VI. Portanto, tudo que a Revolução Francesa encontrou para enfrentar não foi o poder do Evangelho, foi mais de 14 séculos de glorificação do analfabetismo, do fracasso, da falta de sexo e da inveja assassina. A esquerda não tinha que empreender um projeto maligno para destruir a melhor fase da humanidade (o Feudalismo) e trazer as hostes do Inferno para a Terra, o problema da esquerda era legiões de analfabetos que combatiam outros ramos do próprio Cristianismo, queimavam livros, matavam mulheres que fizeram sexo decente na vida e denunciavam como satanista qualquer pessoa com inteligência ou habilidade profissional acima do comum.

Se até ali os países cristãos tiveram conflitos de católicos e protestantes como se pelo menos um dos lados enfrentasse as próprias hostes dos demônios, isso aconteceu por dois motivos: 1) eles não tinham inimigos de verdade; 2) eles precisavam defender ideias em que nunca acreditaram. Parece estranho, mas a influência do Catolicismo ou do Protestantismo na cultura dos países cristãos não era sequer uma fé coletiva, era uma dúvida pública. A repetição da fé cristã até o século XIX como se ela fosse tão real e palpável quanto o próprio chão era histeria. Dos monumentos com tema cristão até as orações pré-fabricadas serviam para preencher vazios de certeza e bloquear o que contrariava a fé. Não é por acaso que na mesma época, os próprios católicos criam que não era possível ter a certeza da salvação.

Se existiram cientistas e pensadores que se diziam cristãos, isso não prova nada sobre a inteligência do cristão típico, menos ainda sobre o Cristianismo. Se dizer cristão era essencial para viver naquela época. O Conservadorismo não vale pelo que é ou oferece, mas pelo que tira. Qualquer brasileiro que foi evangélico na década de 1980 pode nos dizer os preconceitos e as arbitrariedades que uma pessoa podia sofrer numa cidade pequena do Brasil por ser não-católica. Por sinal, qualquer membro de uma igreja que tem trabalho missionário sabe que missionários em países com poucos cristãos lidam com a irrelevância quando não com a clandestinidade. Isso mostra como o Cristianismo prático precisou de suporte político, incluindo violência militar, para existir onde existiu. A Igreja Católica foi a União Soviética do Conservadorismo.

O Conservadorismo no Brasil também se intitula direita. Essa direita exalta Ludwig Von Mises, que disse que não existe economia socialista dois anos antes da criação da União Soviética que durou 69 anos. Essa direita dizia que o Comunismo acabou na queda do Muro de Berlim e estava dizendo 20 anos depois que o Brasil estava dominado pelo Comunismo. Essa direita dizia na década de 1990 que a pornografia ia levar o número de estupros à estratosfera e a Educação Sexual ia produzir uma catástrofe de DST e gravidez indesejada. Essa direita dizia que o Cristianismo tinha 2.000 anos de existência e seria triunfante enquanto o número de católicos caía e o de ateus aumentava. Essa direita ainda fala lendas urbanas como se fosse impressionar analfabetos em igrejas de vilarejos do século XIX.

A Revolução Francesa trouxe o primeiro perigo de verdade que o Cristianismo teve na vida (com a possível exceção da invasão muçulmana na Península Ibérica). Se a Revolução Russa foi feita para espalhar o Ateísmo, como alguns escritores cristãos já disseram, esse foi o segundo perigo de verdade. Os conservadores cristãos estavam acostumados a queimar livros, obras de artes, hereges, prostitutas e canhotos, eles não sabiam o que fazer. A ideia que resume o Conservadorismo um tanto grosseiramente, de que a sociedade deve ser como sempre foi porque ela materializa o mais alto padrão concebível, parece cada vez menos digna de ser levada a sério, ou até mesmo se parece cada vez menos com um raciocínio. Isso para cada vez mais pessoas até a própria esquerda fazer coisas muito estúpidas no passado recente.

Quem já viu como qualquer ateu secundarista humilha um cristão com formação universitária no século XXI pode fazer uma ideia da fé de um analfabeto da Europa da Idade Moderna. O Conservadorismo, por consequência da definição, é uma associação de analfabetismo, preguiça mental, inveja orgulhosa, analfabetismo moral e repressão de ideias "novas". Daí, as ciência e os dados da vida prática não são fontes de conhecimento aproveitáveis para um conservador. Por isso qualquer evolução da vida religiosa cristã que é considerada normal em uma época era um escândalo gerações antes. Para ficar em dois exemplos das burrices notórias dos conservadores das últimas campanhas eleitorais no Brasil e nos Estados Unidos, eles não percebem que Lula seria eleito aqui se pudesse ter sido candidato e que Hillary Clinton, de tendência esquerdista, teria sido eleita lá se não fosse pelo Colégio Eleitoral. Cometer erros crassos por tentar praticar um pensamento limitado é uma consequência do Conservadorismo em si.

NOTAS:

[1] "Direita e Esquerda", Mundo Educação, http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/politica/direita-esquerda.htm.

  • 0Blogger Comment
  • Disqus Comment

Leave your comment

Postar um comentário

Abigail Pereira Aranha no VK: vk.com/abigail.pereira.aranha
E-mail: saindodalinha2@gmail.com

comments powered by Disqus

AddThis

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...