sábado, 14 de setembro de 2013

Sobre a morte do ego (para homens em relacionamentos)

Postagem original

Como acho engraçado a polêmica da minha audácia em criticar Nessahan Alita, vou deixar aqui um comentário que fiz em um tópico no Fórum do Búfalo sobre uma citação de Nessahan Alita onde ele fala quais os erros do homem.

Vou primeiro colar o que Nessahan Alita escreveu originalmente e depois colo meus comentários.

Nessahan alita diz o seguinte em " Reflexões Masculinas sobre a Mulher e o Amor ", página 41:

"5. Um grave erro que cometemos

Os infernos emocionais em que o ego da mulher nos envolve são possíveis por uma única razão: nosso fortíssimo desejo de que elas sejam como gostaríamos que fossem e nossa incapacidade de aceitar a realidade. Gostaríamos que elas fossem diferentes do que são e este é o nosso erro capital. Gostaríamos que as mulheres fossem espontaneamente fiéis, sinceras, que valorizassem a virtude, que retribuíssem o amor com amor, que sentissem aversão pelos maus, que não se sacrificassem pelos cafajestes, que não se entregassem aos imprestáveis, que se sentissem plenas na companhia dos homens de bom caráter. Gostaríamos que elas recusassem sua virgindade aos playboys e que as oferecessem aqueles que as amam verdadeiramente. Gostaríamos ardentemente que elas fossem sinceras nos sentimentos, que nos compreendessem, que não fugissem de nós ao perceberem que estamos apaixonados, que não nos atraíssem com a simples intenção de nos rejeitar, que não brincassem com os nossos sentimentos, que dessem mais valor a nós do que aos parentes e amigos do seu círculo social estúpido, que se dedicassem a nós como nos dedicamos a elas, e muito, muito mais!

É justamente esse o nosso erro e ele às vezes é fatal. As expectativas que criamos geram o inferno na medida em que conflitam com a realidade. Como possuem o ego bem vivo, as mulheres são completamente distintas desse modelo ideal. A mulher idealizada dos nossos sonhos não existe, é uma farsa, uma mentira. Aquele que não aceita esta realidade enlouquece cedo ou tarde. Cedo ou tarde será chocado pelos fatos, e seus sonhos matrixianos absurdos serão despedaçados pela realidade que será violentamente lançada em seu rosto. Aqueles que não saem da ilusão antecipadamente e por vontade própria, por meio da dissolução do eu, normalmente não suportam o choque da realidade. É quando podem sofrer os surtos nervosos tais como a “battered man syndrome”.

Somente aqueles que dissolveram todas as expectativas pueris e idílicas, que se tornaram capazes de aceitar a crua realidade da perversidade do ego feminino (e também do masculino, mas aqui estamos tratando do ego das mulheres), sem se debaterem contra o inevitável, é que são capazes de conviver com as mulheres sem enlouquecer e sem se auto-destruírem.

A morte do nosso ego é a morte das expectativas, dos desejos e também dos sonhos e ilusões. A dor emocional provém da oposição entre realidade e desejo. Quando aceitamos conscientemente o inevitável, e não desperdiçamos esforços esmurrando facas, deixamos de sofrer porque passamos a viver em sintonia com a realidade, e não com mentiras.

Os matrixianos, em sua desesperada tentativa de se evadirem da realidade, em geral optam por dois caminhos: 1) insistem repetidamente na insana tentativa de serem felizes na paixão, repetindo os mesmos erros com cada mulher pela qual se apaixonam, vivendo assim de fracasso em fracasso; 2) entregam-se à promiscuidade e à fornicação, para tentar afogar a consciência e anestesiar o coração dolorido. Quando um matrixiano é arrancado bruscamente da ilusão por um fato definitivo, como, por exemplo, um flagrante adultério, o choque destrói todas as suas defesas psicológicas. É a partir desse momento que eles cometem suicídio, assassinam a espos ou se entregam ao álcool ou às drogas. Em suma: enlouquecem.

A ilusão matrixiana nos é inculcada desde que nascemos. Todos ao redor, manipulados pelos meios de comunicação em massa, nos enfiaram na cabeça e goela abaixo idéias absurdas sobre paixão e romantismo. Crescemos embriagados com essa droga e nosso discernimento no campo dos relacionamentos afetivos se torna nulo. Entre os povos orientais e indígenas, esta doença mental não é tão freqüente, os casamentos obedecem a outros princípios e eles são mais saudáveis. Portanto, se alguma espertinha está te fazendo sofrer, este sofrimento se deve a uma oposição entre os seus desejos mais intensos e ardentes e a realidade do psiquismo de sua parceira. Quanto mais você tentar forçá-la a se enquadrar nos moldes de sua expectativa, tanto pior ficará o inferno emocional. Você estará energizando os egos da parceira e fortificando a situação.

Se você aceitar tudo, chegará o momento em que a relação estará prestes a ir para o buraco. As coisas chegarão à beira do precipício. É nesta hora que você descobrirá quem realmente é a pessoa que você tem ao lado e saberá se ela tem limites ou não. Descobrirá qual é o termômetro da espertinha e até onde ela suporta a bagunça que provocou. Não estou recomendando a ninguém que contribua para o fim da relação mas sim que não se debata contra o fim da relação. Não perca o tempo apontando uma arma para a parceira, tentando obrigá-la a ser diferente. Vá com ela, use a técnica do jiu-jitsu psicológico: não force contra.

Isso não significa que você deva arcar com as más conseqüências das pilantragens amorosas. A aceitação permite a devolução das conseqüências. Aquele que não sabe aceitar segura o rojão e a bomba explode em sua mão. As trapaças amorosas, se aceitas e levadas ao extremo, possuem más conseqüências para a própria pessoa que tomou a iniciativa de executá-las, as quais podem ser sintetizadas como sendo o desprezo, a perda da estima e da admiração por parte da pessoa que está consciente de ter sofrido a trapaça, bem como de todo e qualquer compromisso e fidelidade. A pessoa que trapaceia o parceiro, está assinando um atestado de imprestabilidade e autorizando-o a fazer tudo o que quiser. Está dizendo: “Veja, não sirvo para nada, sou uma pessoa imprestável, e você não deve me respeitar de forma alguma.” O trapaceiro se oferece para ser desrespeitado. Esta é a má conseqüência de sua desonestidade, a qual pode lhe ser devolvida caso a outra pessoa simplesmente aceite suas trapaças e lhe informe que está consciente delas e que, a partir daquele momento, a desonestidade passou a ser a regra da relação. Se, por exemplo, uma mulher deixa de cuidar do esposo para sair com “amigas” (e sabemos que as amigas costumam acobertar e facilitar o adultério), ele está moralmente autorizado a encontrar outra mulher para preencher aquele tempo. É claro que não recomendo o adultério e sim a separação definitiva. Mas isso não necessita, no caso do esposo trocado pelas amigas, ser feito logo na primeira vez, pois pode dar-se o caso da mulher corrigir-se após receber uma boa lição.

Quando me refiro à aceitação total, estou me referindo à aceitação do que a parceira queira fazer com sua própria vida, mas não com a nossa, obviamente. Há um limite para a tolerância. Devemos deixá-la livre para fazer o que quiser com sua vida, mas não com a nossa vida.

Todas as artimanhas, trapaças, mentiras, provocações, atraiçoamentos, torturas mentais, ludibriações, manipulações e outras formas de agressão emocional ficam neutralizadas quando as aceitamos conscientemente. Os efeitos colaterais dessas atitudes retornam à própria espertinha sem que façamos quase nada. A aceitação deve ser real e não simulada. Não simule para si mesmo e nem se auto-engane. A verdadeira aceitação resulta da compreensão, não é um comportamento forçado. Esta é a única forma de desarticular os infernos: aceitando-os. Mas para isso, temos que dissolver todas as expectativas. Portanto, a convivência com a parceira é um ginásio psicológico, do qual podemos sair felizes, livres e vitoriosos ou derrotados. Nesse último caso, seremos levados ao hospício, ao cemitério ou à prisão."

Eu primeiro comentei:

NA que cometeu o erro ao falar isso. O que ele chama de erro que cometemos, não é erro, mas justamente o acerto do homem. O homem deve, sim, esperar que a mulher seja todas aquelas coisas boas que NA diz que não devemos esperar que sejam. Dissolução de ego e vontade é a maior baboseira, assim como casamentos orientais e indígenas.

O TonySniper perguntou:

"Tem como fundamentar o que falou? Eu gostei da resposta mas queria algo mais profundo/explicativo para minha compreensão."

E eu respondi:

Ele diz que é um erro querermos que a mulher nos valorize, seja sincera, bondosa, carinhosa e coisas do tipo. Ora, isso não é um erro. Isso é bom senso. Somos seres humanos. Temos nossas paixões e sonhos. Aniquilá-los seria aniquilar-nos. Quando NA diz chama de erro o desejo que um homem tem por uma mulher bondosa, sincera, fiel e carinhosa, ele diz que não importa a mínima se a mulher é isso ou se é o pior tipo de mulher possível, contanto que os homens sejam capazes de não sofrer nada e domá-las para manter a relação. Se analisarmos, veremos que isso é completamente contra a Real, contra a honra e contra a macheza. O homem deve, sim, querer que a mulher seja boa, carinhosa, honrada. Não só isso, mas é um erro também o homem querer que a mulher seja tudo isso devido a sua capacidade de domar ou devido a sua "alphice".

Quando NA defende a "morte do ego", ele comete um erro por ter uma visão viciada por filosofias tortas de caras como Nietzsche e Schopenhauer, bobagens gnósticas, orientalismos e indigenolatria. É claro que ele está completamente correto quando fala que o ego é um grande culpado pelo sofrimento amoroso do homem. E isso é tão verdadeiro quanto o estômago enorme de um indivíduo obeso é culpado pela sua obesidade. Vamos usar o caso do obeso como uma analogia. Imagine que o obeso entre aqui neste fórum ou lá no Mundo Realista e comece a se lamentar:

"Estou gordo, corro riscos de desenvolver diabetes, nenhuma mulher me olha, não paro de comprar chocolate, não consigo sair da cama, meu médico disse que se eu não parar de comer frituras vou acabar morrendo em poucos meses e, ainda assim, acabei de fritar ovos, bacon e batatas fritas para meu lanchinho da tarde. Estou escovando meus dentes com coca-cola e fazendo gargarejo com toddynho... Me ajudem! O que faço?"

A resposta de qualquer Guerreiro da Real, como o C.O.B.R.A, por exemplo, seria algo parecido com isso:

"Porra, você é um saco de banha escroto e preguiçoso! Deve viver peidando e de tanta merda fermentada no seu estômago deve carregar consigo o perigo de um holocausto nuclear. Vira macho e para de comer merda e começa uma musculação, uns aeróbicos e uma dieta com comida saudável e ingestão controlada de calorias!"

E se Nessahan Alita estivesse no fórum ele poderia dizer algo como:

"É o estômago o grande culpado pelo sofrimento gastronômico do gordinho. Mate seu estômago e não sentirá mais vontade de comer. Faça a cirurgia bariátrica"

Claro que o homem que faz o cirurgia bariátrica tem problemas depois para comer, mas ainda é a saída mais fácil. Já a solução de macho é justamente ter força de vontade e aprender a se controlar. E é isso que a Real prega com o desenvolvimento pessoal. Se um homem mata seu ego, ele mata suas vontades e se torna quase um vegetal. NA diz para matar o ego não somente por ser o ego realmente o culpado pelos problemas do matrixiano, mas também porque ele realmente acredita nessa baboseira imanentista gnóstica e orientalista de morte do ego, meditação, alcançar o nirvana etc. Mas não podemos dizer que ele estava errado ao culpar o ego pelo sofrimento do matrixiano. Porém, ele falha por não perceber que o problema não é o tamanho do ego, mas o fato desse ego, por menor que seja, ser capaz de controlar o homem comum. Não vemos esse sofrimento amoroso apenas em um tipo de homem de ego gigantesco, mas também nos ego pequeno. Poderiamos até mesmo dizer que são justamente os de ego minúsculo que mais sofrem os efeitos da matrix. Vemos então aqui que o problema não é a existência do ego ou seu tamanho, mas justamente o domínio que esse ego tem sobre o indivíduo. Podemos até mesmo ver uma coisa interessante aqui. O homem que é mais facilmente dominado pelo ego é justamente o que tem um ego pequeno e frágil. Os de ego maior são mais dificilmente dominados. Acho que sabemos qual dos dois tipos (o ególatra arrogante e narcisista e o inseguro de ego frágil cheio de complexos) vai sofrer mais intensamente uma paixão matrixiana. Para conseguir causar dano no de ego maior, é necessário um ataque muito mais forte em seu ego, ao passo que o de ego pequeno vai cair no primeiro sopro que seu ego levar. Ainda assim, devemos deixar claro aqui que a questão é justamente essa: O questão não é o ego em si, mas sim dominá-lo ou ser dominado por ele.

Um homem que atingiu a morte do ego pode aceitar qualquer mulher se puder ter certeza que será capaz de domá-la e fazê-la ser a mulher perfeita. Porém, um Guerreiro da Real com um ego enorme jamais será capaz de aceitar qualquer mulher e muito menos domá-la. Para ele não importa se a mulher é boa ou não, mas sim se essa bondade é sincera. Ele não se preocupará em domá-la e ser visto como um macho alpha fodão em todos os sentidos. Ele estará livre para ser ele mesmo com essa mulher, independentemente do significado disso ser um cara fodão com o tal perfil masculino ideal que NA ensina a ter, ou disso ser um cara romântico, bonzinho e carinhoso que diz mil vezes "eu te amo". O que importa é que ele poderá ser o que quiser e escolherá ser ele mesmo. Não porque tem a morte do ego, mas porque tem um ego grande o suficiente para dizer: "vou ser eu mesmo e se isso fizer com que ela tente pisar em mim, melhor, pois saberei que toda aquela bondade dela era apenas falsidade e poderei então deixá-la porque é melhor ficar sozinho do que mal acompanhado."

Nesse caso, a diferença entre o guerreiro que atingiu a morte do ego e o guerreiro que conseguiu um controle sobre seu ego pela força de vontade e, ainda assim, mantendo um ego enorme, é justamente a mesma diferença entre um guerreiro cristão e um guerreiro oriental, ambos capazes de lutar até a morte. O primeiro é um mártir. O segundo é um suicida. O suicida é capaz de dar a vida porque não liga para a vida a ponto de não temer a morte. O mártir é capaz de dar a vida porque ama a vida a ponto de não temer a morte.

No final das contas, o corajoso não é aquele que não tem medo, mas justamente aquele cujos maiores medos se tornam pequenos e insignificantes diante do tamanho de sua coragem. A morte do ego não é corajosa, mas justamente uma fuga. A coragem está justamente em não temer um ego grande e ser macho para domá-lo. Qual domador de leões você respeitaria mais? O que arranca os dentes de um leão e deixa-o definhar ou o que permite que seu leão se alimente e fique grande e forte e, ainda assim, consiga domá-lo a ponto de conseguir mantê-lo desacorrentado, fazê-lo seguir como um cãozinho de estimação e dormir ao lado dele?

(Lawlyet Wallace)

Meu comentário na postagem

Muito bom o seu comentário, gatinho. Só tem mais um erro do Alita: domar a mulher só serve para a mulher, porque o cara continua o relacionamento. Ele pode até cantar de galo, mas o casamento continua. Para o homem é uma perda de tempo e de energia. O homem que tenta dominar a relação que ele já tem é só um pega-ninguém acuado, e qualquer vadia pode até tolerar a "dominação" se for ÚTIL para ELA.

Abigail Pereira Aranha

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