domingo, 16 de junho de 2013

Quem o machismo matou hoje? Violência contra mulher homossexual em Belo Horizonte - só que a agressora também era

Irmãs são baleadas em ponto de ônibus na Pampulha, depois de se envolverem em briga em uma boate

A polícia suspeita que elas sejam vítimas de uma disputa entre gangues rivais; uma delas morreu e a outra está em estado grave no Hospital Risoleta Tolentino Neves

PUBLICADO EM 07/06/13 - 10h37

Fernanda Viegas

José Vítor Camilo

Duas irmãs foram baleadas em um ponto de ônibus na região da Pampulha, na capital, na madrugada desta sexta-feira (7). As duas se envolveram em uma briga dentro de uma boate antes de serem atingidas. A polícia suspeita que elas sejam vítimas de uma briga entre gangues.

Por volta das 4h30, a Polícia Militar (PM) foi acionada e compareceu a avenida Dom Pedro I, no bairro Jardim Atlântico, na região da Pampulha, onde duas mulheres foram baleadas.

As irmãs Thainá Gonçalves, 18, e Daphine Gonçalves, 20, foram socorridas pelos militares para o Hospital Risoleta Tolentino Neves. Contudo, Thainá não resistiu e morreu. Daphine continua no hospital em estado grave. A PM suspeita que elas sejam vítimas de uma disputa entre gangues rivais.

Testemunhas contaram à PM que as jovens estavam em uma boate e que lá se envolveram em uma briga. Depois, junto com outras pessoas elas foram para um ponto de ônibus e lá foram surpreendidas por agressores, que também estariam na festa. Novamente, houve um desentendimento, mas desta vez, eles dispararam contra elas. Thainá foi atingida por um tiro na axila esquerda e Daphine por uma bala no pescoço e uma no abdômen. Ela passou por cirurgia para reparar os danos. Daphine espera por uma vaga no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). O estado dela é grave, mas estável.

As testemunhas não souberam dar informações sobre o (s) atirador (es). A PM fez rastreamento na região, mas ninguém foi encontrado.

Outra versão

A reportagem de O Tempo conversou com amigas das irmãs, que pediram para não ser identificadas. Elas contaram que as jovens são homossexuais e que Thainá teve uma briga com uma moça chamada Néia, porque esta teria dado em cima de Priscila, que era namorada de Thainá. Isso teria acontecido há um mês, também em uma boate no bairro Letícia, na região de Venda Nova, na capital.

Na noite dessa quinta-feira, as duas teriam discutido novamente. Dessa vez, na boate Orange, na Pampulha. Na versão das amigas, depois da briga, Thainá e a irmã Daphine foram para o ponto de ônibus com umas colegas e lá uma amiga de Néia teria disparado contra elas. A mulher que atirou veste roupas, tipicamente masculinas e tem cabelo curto, o que teria feito as testemunhas acharem que o atirador era um homem.

Ainda, segundo elas, Néia e uma amiga dela, Carol, que também é homossexual, estariam no ponto de ônibus na hora do crime e ficaram gritando "atira, atira".

Investigação

A Polícia Civil informou que foi instaurado inquérito na Delegacia de Homicídios de Venda Nova. Duas testemunhas já foram ouvidas. Elas alegaram não saber a motivação da briga. Policias fazem diligência.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, as duas irmã participavam de um baile funk e se envolveram em uma briga. Do lado de fora, continuaram a briga e foram baleadas. A polícia trabalha com hipótese de crime passional, já descartando a suspeita de se tratar de uma disputa entre gangues.

O atirador está foragido. Uma testemunha presencial já foi localizada, mas ainda não foi ouvida.

Daphine tem um filho de dois anos, que é criado pela avó.

Thainá estava no 1º ano do Ensino Médio.

As duas irmãs não trabalham.

A ocorrência foi registrada na Delegacia de Plantão de Venda Nova.

Atualizada às 14h

Super Notícia, Belo Horizonte, 07/06/13, http://www.otempo.com.br/super-noticia/irmãs-são-baleadas-em-ponto-de-ônibus-na-pampulha-depois-de-se-envolverem-em-briga-em-uma-boate-1.659624

Comentários de A Vez das Mulheres de Verdade / A Vez dos Homens que Prestam

Só não dou aquela risadinha porque teve morte. Mas se fosse caso de um homem mexer com a namorada do outro e os dois brigarem, seria uma briga comum. Seria no máximo o machismo onde os homens tratam as mulheres como objeto. Um cara mexe com uma moça que é namorada de uma lésbica, e dá um pau na lésbica. Seria violência contra a mulher e homofobia. Mas e quando mulher agride mulher? Mais: lésbica agride lésbica. É o quê?

Fofinhos, sem sacanagem, imaginem a cena das duas patas brigando, e por causa de mulher. Quantas lésbicas elegantes e/ou bonitas vocês conhecem? E o cavaleiro branco (para quem não conhece a gíria, homem que defende uma mulher incondicionalmente só porque ela é mulher), vai ficar do lado de qual das três? E a Delegacia da Mulher, o que faz nestes casos?

E olha só os detalhes. A irmã que sobreviveu tem um filho criado pela avó. E onde elas estavam mesmo sem trabalhar, hein! Por que a matéria entrou nesse detalhe? Será que o povo já aceita de tal forma a pobreza de espírito das mulheres que nem pensa em tentar omitir?

Mais um caso para engrossar a onda de homofobia no Brasil.

Abigail Pereira Aranha

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